“A verdade sempre vence a mentira”, diz ministro Humberto Martins sobre diálogos do procurador Deltan Dallagnol

01/08/2019 14:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Reproduzo abaixo texto da jornalista Mônica Bergamo publicado no site da Folha de S. Paulo sobre as novas revelações do escândalo da Vaza Jato. Tratei do assunto no post anterior. O ministro do Superior Tribunal de Justiça Humberto Martins, alagoano, foi vítima das ações ilegais de procuradores da força-tarefa de Curitiba, que tinha em Deltan Dallagnol a cabeça pensante do esquema. O objetivo da turma era sabotar possível escolha de Martins para uma cadeira do STF. Leiam o que o ministro disse à jornalista sobre o caso.  

O ministro Humberto Martins, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), afirmou à coluna [da jornalista Monica Bergamo] que procuradores da Operação Lava Jato “passaram de todos os limites" ao envolver o nome dele numa delação da OAS e tentar impedir que fosse indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal). O magistrado é também corregedor do Conselho Nacional de Justiça.

“Tempos difíceis!”, escreveu ele numa mensagem de WhatsApp ao comentar a reportagem publicada nesta quinta (1º) pela Folha em parceria com o site The Intercept Brasil, que revela os diálogos de Deltan Dallagnol com colegas da operação para barrar uma eventual indicação de Martins à Suprema Corte.

Numa conversa com o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em janeiro de 2017, Deltan diz: “Pelella, é importante o PGR levar ao [então presidente Michel] Temer a questão do Humberto Martins, que é mencionado na OAS como recebendo propina...”. O colega responde: “Deixa com ‘nós’”.

O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, citou Martins na delação premiada afirmando que pagou R$ 1 milhão para ele em troca de ajuda com um recurso que tramitava na corte. A propina teria sido negociada com o advogado Eduardo Filipe Alves Martins, filho do ministro.

O ministro diz, em mensagens e também numa conversa com a Folha, que sempre julgou contra os interesses da OAS no STJ. “Nunca vi alguém receber vantagem sendo contra [a empresa]. Graças a Deus, a verdade está aparecendo”, afirma.

“Mesmo eu julgando contra os interesses da OAS, os procuradores buscaram incluir meu nome [na delação], conforme divulgado! Tempos difíceis! Passaram de todos os limites!”, escreveu Martins.

“O objetivo deles era me tirar [da disputa por uma vaga na Suprema Corte]. Mas quem sou eu para ir para o STF? Um simples mortal. Nunca disputei, nunca pedi, nunca quis isso”, segue o magistrado.

“Estou triste, muito triste, muito triste”, repete. “Tenho 47 anos de serviço público. É duro constatar que eu não estava envolvido em nada e fui citado apenas porque queriam barrar uma indicação para o STF que eu nunca pedi.”

Martins, que é evangélico, escreveu ainda: “A verdade sempre vence a mentira! Deus no comando! Sempre juntos!”.

No mês passado, o ministro arquivou um pedido para que Sérgio Moro, que também teve diálogos divulgados no escândalo das mensagens, fosse investigado. Ele diz que nada muda quanto a isso, mesmo depois de descobrir que foi alvo dos procuradores da Lava Jato.

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