Globo quer salvar o indecente Sergio Moro

29/07/2019 15:49 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Na cabeça perturbada dos fanáticos bolsonaristas, a TV Globo é uma fábrica de “comunismo”. Mas é justamente o grupo da família Marinho que dá ao ministro Sergio Moro a última esperança de se salvar diante do lamaçal revelado pelo The Intercept Brasil. Como se sabe, a série de reportagens do site prova que, quando atuou como juiz na Lava Jato, Moro foi um obstinado delinquente.  

Em sua edição desta segunda-feira, a Folha – que publica os diálogos da Vaza Jato em parceria com o Intercept – traz nova leva de conversas que reforçam a certeza de que o então juiz agia sempre por interesse politiqueiro. A seis dias do primeiro turno nas eleições de 2018, o magistrado de araque soltou o conteúdo da delação do ex-ministro Antonio Palocci, com acusações a Lula.

Os áudios descobertos agora indicam que os procuradores da força-tarefa de Curitiba desprezaram a delação de Palocci, porque não trazia nada de consistente e não apresentava uma miserável prova sobre a narrativa forjada pelo ex-ministro à Polícia Federal. Moro também pensava isso, mas, julgando ser decisivo para interferir na eleição, abasteceu a imprensa com a lorota.

A Folha de S. Paulo e a Veja são os dois grandes veículos de comunicação do país que fecharam parceria com o Intercept para a divulgação das conversinhas criminosas da patota Moro-procuradores do MPF. Mas é relevante lembrar que essa não foi a primeira iniciativa do site: antes de Folha e Veja, Glenn Greenwald procurou a TV Globo, que não topou publicar algo tão grave.

A tentativa do jornalista tem uma explicação lógica. A Globo fechou acordo semelhante com o mesmo Greenwald no caso do grande esquema de espionagem patrocinado pela NSA, a agência de segurança dos Estados Unidos. O caso é de 2013. O Fantástico exibiu reportagens sobre os papeis considerados ultrassecretos. A então presidente Dilma Rousseff era uma das vítimas.

No programa global, a repórter Sônia Bridi trabalhou como parceira do jornalista americano. Com esse precedente virtuoso, digamos assim, Greenwald buscou a Globo mais uma vez. Aí a disposição da emissora mudou. Abriu mão de fazer jornalismo, com medo de melindrar o governo Bolsonaro, Moro, doutores do MPF, ministros do STF, a Lava Jato, tudo isso junto na bagaceira.

É previsível, portanto, a forma pusilânime com que o Grupo Globo vem tratando o escândalo da Vaza Jato. Com as prisões de acusados pela invasão dos telefones dos cretinos de Curitiba, é descarado o esforço para jogar os holofotes sobre o hacker – e relevar o conteúdo. É o que se pode chamar de estratégia do desespero, porque afinal o conteúdo é simplesmente devastador.

O caminho desmoralizante da Globo já é tão claro que as novas revelações dos diálogos nem estão mais sendo divulgadas, tanto na TV quanto no velho jornalão. Reportagens, editoriais e colunas se dedicam a desacreditar a Vaza Jato e a minimizar as atrocidades cometidas pelo juiz que agiu como cabo eleitoral do capitão Bolsonaro. Interesses políticos e financeiros pautam tudo.

Assim, os garotões e marmanjos que babam por Moro e Jair condenam as novelas comunistas da Globo, mas adoram a farsa global quando o assunto é jornalismo. Ao longo de cinco anos, a emissora foi entusiasta das armações levadas a cabo pela Lava Jato. O repórter Vladimir Netto, vejam que coisa, escreveu uma biografia puxa-saco do juizinho. Isso é que é credibilidade!

A prisão dos hackers não alivia a situação para os marginais que fraudaram o processo legal. O que importa, de novo, é o conteúdo. E foi justamente por isso que Moro se apressou em anunciar que mandaria destruir o material encontrado com os detidos. Mas não é tudo invenção, como querem os vigaristas da Lava Jato? Por que a correria em apagar os diálogos? Não faz nenhum sentido.

A verdade é que Moro e o procurador Deltan Dallagnol estão desmoralizados faz tempo. Estão atordoados com a bomba sobre a qual nada podem fazer, a não ser contar uma mentira atrás da outra. O lado perigoso aí é que, em pânico, os sujeitos podem apelar a qualquer barbaridade pra salvar a pele. Apostam na Globo como cúmplice essencial na estratégia. A ver até quando.

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