Nesses tempos de violência desenfreada e de intolerância, a história de Dulce Menezes dos Santos é mais um registro sobre o sofrimento contra a mulher e a impunidade.

Hoje, aos 96 anos, vivendo em Campinas (SP), ela é a personagem principal de um livro que conta como foi arrancada da família, violentada por um membro do grupo de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e obrigada a ter uma vida entre os cangaceiros.

De origem sergipana, morou em Piranhas, na casa de uma irmã, quando tinha 10 anos, após a perda dos pais. O lugar, uma fazenda, servia como rancho de cangaceiros.

Intitulado “DULCE, A BONECA CANGACEIRA DE DEUS”, escrito por Sebastião Pereira Ruas, o livro revela que a menina foi vendida pelo marido da irmã ao cangaceiro João Alves da Silva, conhecido como Criança. Nessa época Dulce tinha entre 13 e 14 anos. Ela foi estuprada em uma festa diante de cangaceiros e convidados, no chão, entre “espinhos e pedregulhos”.

O livro recupera e possibilita a discussão sobre a violência contra a mulher no cangaço. “Fui a pulso, arrastada, se não morria”, diz Dulce Menezes dos Santos.

Ela também relata sua convivência com outros membros do grupo, caso de mulheres como Maria Bonita, por exemplo. Conta ainda como foi o massacre no acampamento na Grota do Angicos, em Sergipe, em que ela sobreviveu.

Aliás, Criança, o homem que a violentou e a obrigou a levar uma vida nômade no Sertão nordestino, também escapou. A narrativa segue e Dulce acabou casando com um fazendeiro e virou até mulher de prefeito.

E o que houve com Criança e os filhos dela com o cangaceiro? Bom, aí não vou contar tudo, certo? Mas a violência teima em acompanhar a ex-cangaceira. Em Campinas, pra onde se mudou após a morte do marido político e fazendeiro, viu filho e netos serem assassinados.

A venda do livro é para ajudar Dulce.

DULCE, A BONECA CANGACEIRA DE DEUS

Autor: Sebastião Pereira Ruas

Editora: Lexia, 227 PÁGINAS

Preço: R$ 45

O livro é vendido por Martha Menezes pelo telefone (19) 98872-6588

Leia repórtagem ná íntegra publicada no Estadão aqui.