Campanha eleitoral (clandestina) para prefeito

28/07/2019 12:37 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A eleição para prefeito ocorre lá em outubro de 2020, mas a campanha já começou. Digamos que, por enquanto, é campanha clandestina, fora do calendário eleitoral, ainda longe de impor regras para o que pode e o que não pode na caça ao voto. Grandes interessados na disputa, porém, não esperam por esses detalhes oficiais. A essa altura, o trabalho já mobiliza os serviços de produtoras.

Produtoras de vídeo e agências de publicidade ainda não podem ser contratadas pelos partidos. Mas não falta gente por aí fechando contratos para produzir material que, daqui a mais de um ano, pode aparecer na propaganda de candidatos. O alvo dessas virtuais candidaturas é a gestão do prefeito Rui Palmeira. A oposição trata de registrar imagens que mostram a situação da cidade.

Na semana passada, veio à tona o caso do aterro sanitário. A polícia prendeu em flagrante os motoristas de duas carretas que despejavam chorume de forma criminosa em canaviais na região de Rio Largo. A prefeitura diz que a culpa é da empresa responsável pelo serviço. Pois o que a polícia descobriu, eu soube, já era de conhecimento de certas figuras do mundo da política.

O crime ambiental flagrado por policiais também estava sendo registrado por outras lentes. Eram câmeras de prestadores de serviço acostumados a atuar para grupos partidários. Do mesmo modo, outras áreas da administração municipal estão no foco de caciques que pretendem brigar pela cadeira do atual prefeito. Tudo, repito, no mais absoluto segredo – até para os contratados.

Sim, nesse tipo de empreitada o silêncio vale ouro.  Carros, microfones e câmeras estão à disposição de candidatos que não podem aparecer nessa condição. Assim, um profissional do ramo é requisitado para o trabalho, mas não recebe nenhuma informação sobre o contratante e nem sobre a destinação do material a ser produzido. Um “laranja” esconde o real dono do negócio.

Nada disso, é claro, foi inventado agora. E veja como as coisas funcionam na vida real. Se, legalmente, não há campanha, então não existem recursos para tal atividade. E se não tem dinheiro legal para essas ações – porque não há eleição em 2019 –, essa pré-campanha é bancada com grana de fonte suspeita. Jamais saberemos a origem do prematuro financiamento.

Não, a briga pelo comando da capital alagoana não será mais suja do que o padrão geral das disputas eleitorais. Pode até ser, mas o ponto aqui é outro. O que vai nos bastidores, nos dias de hoje, é a repetição de velhos métodos adotados pela cacicada nas oligarquias brasileiras. O exército de “renovadores” da política está no mesmo jogo dos veteranos. Todos se entendem.

A partir de agora, veremos com frequência denúncias de “descaso” com a população. Também veremos o reaparecimento de assuntos que já fizeram barulho, mas hoje estão esquecidos. Sem falar na proliferação de pesquisas sobre as quais não se informa quem encomendou. Em cima da prefeitura, por razões óbvias, recaem todas as formas de “investigação”. Tudo nas sombras.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..