Pode chamar o CSA de “medíocre” agora?

23/07/2019 16:31 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Depois de perder para o Corinthians por 1x0, jogando em São Paulo, o CSA foi chamado de “time medíocre” pelo comentarista Müller durante uma mesa redonda da TV Gazeta de São Paulo. As palavras do ex-jogador enfureceram torcedores, cartolas e bravos cronistas da imprensa alagoana. Onde já se viu tratar dessa forma o glorioso Azulão do Mutange?! Tremenda falta de respeito, dizem. A cartolagem chegou a divulgar uma nota para registrar o devido repúdio à “agressão”.

Os mais exaltados, com certa passionalidade, apelaram até aos brios alagoenses. Müller teria sido preconceituoso com nossa terra, com a nossa gente – ou seja, feriu as tradições não apenas do futebol, mas de toda a história alagoense. Eis que uma semana depois desse barulho todo, o glorioso CSA volta a campo, dessa vez para enfrentar o Athletico Paranaense, aqui, dentro de casa.

O chamado Furacão do Paraná veio a Maceió com um time reserva. Apenas um dos onze escalados é titular absoluto. Como você sabe, o resultado da partida, em pleno Trapichão, foi de 4x0 para os forasteiros. Uma miserável goleada diante da fanática torcida azulina, que, segundo relatos, voltou pra casa em estado de choque. Com isso, o time fica ali na terrível zona da degola.

Antes de seguir com algum palpite sobre a situação do time, a pergunta que me fiz foi a que está no título lá em cima: está liberado, a partir de agora, classificar o CSA como time medíocre? Ou ainda é necessário esperar por novos desempenhos para cravar o veredito? Pela reação das alas mais radicais das arquibancadas, a situação periga degringolar de vez. Cobra-se reação rápida.

Vi o jogo pela TV. Como não tenho a sapiência da imprensa especializada em CSA, deixo para outros a análise sobre esquema tático e demais variáveis do jogo de bola. Após a goleada, quase todos os cronistas da província apontaram o mesmo “erro” na escalação do time: fomos pra cima com a extravagância de “quatro atacantes”! Foi o que ouvi por todo lado da imprensa esportiva.

Pode ser. Mas garanto que não é isso o que explica o fracasso de um time numa partida de futebol. A questão é como fazer em campo, com quatro, três ou zero atacantes. Da mesma forma, pode-se jogar com um, dois ou três volantes. Se o treinador escala essa ou aquela formação, supõe-se uma estratégia para levar à prática. Parece que isso não existiu contra o Athletico-PR.

Há coisas esquisitas no clube alagoano. Na retomada do Brasileirão, após a parada da Copa América, o CSA trocou de técnico. Dispensou Marcelo Cabo e trouxe Argel Fucks para o lugar. A primeira investida do novo treinador foi pedir à diretoria a contratação de reforços. Os cartolas atenderam. Achei surpreendente a opção por Alecsandro, um cara com 38 anos de idade.

Depois de jogar nos maiores times do país, o velhinho estava no São Bento, disputando a Série B do Brasileiro. Do nada, ganhou o presentão de voltar à primeira divisão, agora pela camisa do CSA. O que um atacante de 38 anos pode fazer pelo ataque de um time? Se você acha que ele vai arrebentar, lamento, mas essa coisa de milagre não costuma ser um fenômeno muito comum.

Pesquisando reportagens a respeito do Azulão, vejo que contratar veteranos faz parte do planejamento estratégico da cartolagem. A aposta é na “experiência”. Olha, é algo bem duvidoso. Especulo: a contratação de Alecsandro parece estar ligada a critérios pessoais adotados pelo novo treinador. O professor e o atleta estiveram juntos no Coritiba até o começo deste ano.

Nesse caso, é como se fosse uma espécie de nepotismo. Ressalte-se que a prática é uma tradição no mundo do futebol. Fico imaginando as implicações decorrentes de um tipo de relação como essa. Não é bom dizer isso, mas é preciso reconhecer que, a essa altura do Brasileirão, o grande CSA se esforça para dar razão a Müller. Dá tempo de reagir. Mas a perspectiva é sombria.

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