Jair Bolsonaro e o ódio aos nordestinos

21/07/2019 00:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Jair Bolsonaro ganhou a eleição de 2018 no segundo turno, derrotando Fernando Haddad em quase todas as regiões do país. Quase. Porque, se dependesse dos nordestinos, o capitão da tortura não seria eleito presidente. Aqui, na terra de João Cabral de Mello Neto e Graciliano Ramos, o homem que celebra a tortura e pratica o racismo apanhou feio. O placar foi uma goleada e tanto.

Segundo os dados da Justiça Eleitoral, o candidato do PT recebeu 69,7% dos votos válidos. Ou seja: precisamente 20,3 milhões de eleitores escolheram Haddad. Já Bolsonaro alcançou 30,3% da votação, o que representa 8,8 milhões de pessoas. Como diria o genial Henfil, foi o Sul Maravilha que garantiu o triunfo dessa porcaria tão adorada pelos fanáticos da “nova política”.

Mais uma vez, o sujeito que assumiu o Planalto dá mostras de sua índole tacanha – e demonstra, como faz todo dia, ser alguém desqualificado para a Presidência da República. Ao se referir ao Nordeste como “Paraíba”, o ídolo dos garotões “conservadores” repete o que há de mais nojento no campo da discriminação e do preconceito. É a escória em estado bruto, desprezível, incurável.

Durante a campanha, na tentativa de reduzir a diferença que as pesquisas apontavam entre ele e o adversário, o pai do maloqueiro Eduardo visitou o Nordeste. Como todos os políticos da velhíssima guarda, posou com um chapéu de cangaceiro sobre a cabeça perturbada e fez promessas. Para ganhar votos pelo bolso dos mais pobres, prometeu 13º salário aos inscritos no Bolsa Família.

Depois da vitória, desprezou completamente a região na montagem do Ministério. Não que eu defenda a obrigatoriedade de nomes desta ou daquela região numa equipe de governo. Ocorre que, na política, sim, faz todo o sentido que um presidente, num modelo federativo, contemple a diversidade regional do país. Mas esperar algo assim de Bolsonaro é inútil. Ele quer é vingança.

Político do baixo clero a vida inteira, irrelevante por todos os critérios, o ressentimento move a alma de alguém como Bolsonaro. Pensando bem, isso é um bocado triste. Porque foi derrotado entre os nordestinos, ele não consegue barrar em sua cabecinha oca o desejo incontrolável de dar o troco ao Nordeste. Confunde, naturalmente, o papel de estadista com a fúria de um miliciano.

Daqueles governadores de ‘Paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara. Foram essas as grotescas palavras do marginal presidente, numa referência à nossa região e, especificamente, ao governador do Maranhão, Flávio Dino, do PC do B. Além da carga preconceituosa, é claro aí um crime previsto na Constituição. Mais um na antologia bestialógica.

Patriotada não é comigo. Ninguém é melhor ou pior segundo a origem e o endereço. Quem exalta o “patriotismo” são os bestalhões do bolsonarismo. Mas, como se vê, a Pátria dos celerados tem uma fronteira definida. É sob princípios deletérios como esse que o país está sendo governado. Nada que surpreenda a quem enxerga o óbvio: o ódio ao Nordeste é política oficial.

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