Na Era da “Nova Política”, seita de Bolsonaro impõe censura e demissão de jornalistas

01/07/2019 03:23 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A televisão do bispo Edir Macedo tirou do ar o jornalista Paulo Henrique Amorim. Depois de 13 anos no insuportável Domingo Espetacular, ele foi pra geladeira. Mas isso nada tem a ver com a ruindade do programa, uma cópia bem piorada do moribundo Fantástico, da Globo. O afastamento se deu por obediência aos novos donos do poder em Brasília. PH entrou na mira de Bolsonaro e sua seita desgovernada. Segundo os novos tempos no país, o apresentador é um marxista cultural.

Como se sabe, a Record TV está associada ao bolsonarismo de forma incondicional. E no governo da “direita democrática” que o país experimenta hoje, ou o sujeito bate continência para torturador e juízes mequetrefes como Sergio Moro ou terá a cabeça cortada implacavelmente. O caso não é o único nos veículos de comunicação do país. A guilhotina tem feito estragos nos quatro cantos.

Um segundo exemplo é o do historiador Marco Antonio Villa. Nos últimos anos, ele virou um dos gurus do antipetismo. Com uma retórica beligerante, ele ajudou a espalhar um ódio visceral ao que considera uma tragédia brasileira, ou seja, qualquer coisa que lembre, ainda que bem de longe, alguma queda pela esquerda. Villa caiu nas graças dos cabras machos da extrema direita.

Depois de passar pela Veja, o professor foi contratado pela Jovem Pan, a emissora de rádio que surfa na onda dessa guerra fanática contra miseráveis comunistas que tramam arrastar nossas criancinhas para o mundo depravado da ideologia de gênero. Os garotões “conservadores” babavam pelo Villa. O que ele falava era lei. Estava tudo lindo – até a posse de Bolsonaro.

O comentarista virou um crítico feroz das asneiras e pilantragens que brotam do governo todo santo dia. A caçada foi fulminante. Os doentinhos que não respiram sem o aval da seita soltaram os cachorros e outros bichos pra cima do Villa. Para isso, é claro, recorreram ao pântano das redes sociais para exigir o pescoço do historiador. Chapa-branca sem matizes, a Jovem Pan obedeceu.

A rádio demitiu um de seus colunistas mais populares. Além da ideologia, naturalmente foi decisivo o fator financeiro. Obedientes aos ideais da nova direita, mas especialmente de olho nos repasses oficiais aos cofres da emissora, seus donos degolaram o inconveniente crítico de Bolsonaro e sua gang. Villa, que tem bons livros sobre o Brasil, é vítima da horda que alimentou.

A mesma combinação de política e dinheiro põe em risco a jornalista Rachel Sheherazade, âncora do Jornal do SBT. Também pelas redes, o tal de Luciano Hang, o patético dono das Lojas Havan, lançou uma campanha pra que Silvio Santos demita a apresentadora – igualmente por causa de suas opiniões sobre as delinquências do Jair. Caso contrário, Hang ameaça tirar patrocínio do SBT.

Sheherazade, “denuncia” o cretino empresário, está “contaminada por ideologia comunista”. O homem do baú, sempre sensível aos apelos de qualquer governo, ainda não se manifestou. Para alguns, estamos diante de um macartismo à brasileira, numa referência à caça a comunistas que vigorou nos meios intelectuais americanos na década de 50 do século passado. Nova política!.

Esses são os episódios de maior repercussão, mas não para por aí a operação de ataque a vozes que contrariam a porcaria do presidente e adoradores. Pelas mesmas razões, a imbatível Jovem Pan já expulsou de seus quadros o economista Joel Pinheiro da Fonseca e o humorista Marcelo Madureira. Na república do capitão, ou se ajoelha na igreja do Messias ou leva tiro na testa.

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