Sergio Moro foi um juiz parcial. Nos processos da Lava Jato agiu com a desonestidade dos piores marginais. Empenhou-se para incriminar um ex-presidente da República apenas para exibir o feito como troféu e, a partir daí, se credenciar a uma carreira na política. Moro é um atentado ao que há de mais sagrado numa democracia, que é o respeito ao processo legal. Hoje isso está provado.

As evidências da desonestidade do juiz estão escancaradas numa série de diálogos revelada pelo site The Intercept. As conversas mostram Moro e seus parceiros do Ministério Público Federal num escandaloso conluio para forjar situações que pudessem resultar naquilo que eles queriam a todo custo: tirar o inimigo Lula da eleição de 2018 e pavimentar o caminho para o “novo país”.

Deu certo. A “novidade” que ganhou a eleição é Jair Bolsonaro, exemplo de homem público para a nova direita. Um estadista que exalta a tortura – o estágio mais baixo e asqueroso em que um sujeito pode rastejar. Nem os militares do regime de 64 se exibiam como párias com o desassombro de Bolsonaro. Mas os “cidadãos de bem” acham que isso é o ideal de sociedade.

Moro é tão vagabundo que não teve o menor pudor em aceitar o cargo de ministro da Justiça do governo que ele – como juiz! – ajudou a eleger. É um caso inédito na história do país. O suposto magistrado será lembrado para sempre por esse gesto imoral e degradante. Como mostram as gravações reveladas, até os procuradores do MPF condenavam a escolha do herói de araque.

A Folha de S. Paulo traz neste domingo novos diálogos de procuradores que apontam, de novo, que a condenação de Lula tem de tudo, tudo mesmo, menos uma miserável prova que demonstre a culpa do réu. Pelo contrário, as conversas indicam a chicana que orientava todas as ações da Lava Jato com objetivo único. Ou pegava o velho sapo barbudo ou nada feito.

Foi assim com Léo Pinheiro, da empreiteira OAS. O depoimento dele sobre o triplex foi decisivo para o juizinho de Curitiba inventar a sentença contra Lula. Agora vejam: o novo lote de troca de mensagens entre procuradores atesta que o executivo foi mudando a história durante mais de um ano – até entregar a versão que Moro queria. Nem os caras do MPF levavam o delator a sério.

Moro, Deltan Dallagnol e demais celerados da Lava Jato sabiam o que estavam tramando, desde o começo de tudo. Vez por outra, nas conversas secretas que hoje conhecemos, um deles deixava claro o esquema. Tinha de fazer tudo com cuidado pra esconder a real motivação. “Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula”, disse em 2017 o rapaz das bochechas rosadas.

Como o Brasil é uma mistura infernal de tragédia e pastelão, neste domingo houve manifestações de apoio ao indecente Sergio Moro. Pelo que mostra a TV, a coisa foi um fiasco, muito aquém do sonho acalentado pelo desmoralizado ministro do governo amigo de milícias. E lá foram os bolsonaristas – patriotas da bala, do fuzil e da família – defender o juiz que agiu à margem da lei.