A greve na imprensa de Alagoas

25/06/2019 18:06 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Antes de qualquer coisa, apoio a greve dos jornalistas de Alagoas, que se rebelam contra a proposta absurda das grandes empresas – o corte de 40% no piso salarial da categoria da qual faço parte. Com todo o respeito aos executivos dessas empresas, é uma iniciativa abominável. É tempo de crise no negócio da comunicação, e isso atinge toda a imprensa brasileira. Mas o desejo de atacar o bolso desse segmento profissional aqui no estado não é coisa de agora. É uma ameaça recorrente.

A chamada precarização da mão de obra é um caminho infalível para a derrocada de qualquer área. Uma das consequências inevitáveis é a perda de qualidade nos serviços ou produtos que determinado segmento entrega a seu público ou cliente. No caso da imprensa, é a sociedade como um todo a destinatária do serviço jornalístico – e o grande “produto” nessa operação é a notícia.

Notícia pra valer é informação de qualidade. E para que todos recebam informações confiáveis, há um trabalho duro, sob a pressão de prazos, não poucas vezes diante de condições adversas e intimidações de variadas origens. Mexer com fatos de interesse público quase sempre pode resultar em ataques a jornalistas. Trabalhar com seriedade e independência tem uma dose de risco.

A essa altura dos tempos atuais, com tudo o que você sabe sobre novas tecnologias, com todo mundo falando e escrevendo nas 24 horas do dia, separar informação de falsidade é um desafio. Nunca a imprensa profissional, agindo com honestidade e qualidade técnica, foi tão essencial. Sim, estamos no império das fake news. Labafero de rede social nada tem a ver com jornalismo.

Se empresas de comunicação decidem atacar justamente as condições de trabalho dos profissionais, acabam por sabotar a tarefa desses que têm o bom jornalismo como compromisso. Pelo que leio no CADAMINUTO, empresários estão irredutíveis, mas talvez não esperassem por uma mobilização tão forte como se vê. A greve dos jornalistas em Alagoas é notícia nacional – e o barulho deve aumentar.

O que se fala nos bastidores: já existem listas de demissão por essas grandes empresas atingidas pelo movimento grevista. Há um cenário de assédio moral sobre repórteres, produtores e editores, entre tantas funções numa redação, para que voltem ao trabalho. Claro que isso é ilegal. A conferir os próximos lances do movimento. A greve já é um marco na história da imprensa por aqui.

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