A gang de toga! E “Moro está chateado”

24/06/2019 15:06 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O escândalo que arrasta o ministro Sergio Moro e procuradores do Ministério Público Federal subiu de patamar neste fim de semana, após a primeira reportagem da Folha de S. Paulo em parceria com o The Intercepet Brasil. O site compartilhou com o jornal todo o arquivo que mostra as conversas do ex-juiz com os garotões do MPF entre 2015 e 2018. Nas falas de todos eles, a bandalheira é flagrante.

Os novos diálogos reforçam a ideia de que Moro e procuradores agiram em conluio para obter seus objetivos políticos nas investigações dos casos da Lava Jato. O aspecto circense dessa vez é a maneira como o suposto juiz de Curitiba se refere ao Movimento Brasil Livre, um dos braços na campanha contra Lula, o PT e a esquerda em geral. Moro chama os rapazes do MBL de “tontos”.

O magistrado de araque não gostou de um protesto que os dementes do movimento fizeram diante do prédio em que morava o ministro Teori Zavascki, então relator da operação no STF. Foi em março de 2016. Moro temia reações do tribunal diante de suas ilegalidades na condução dos processos. Naqueles dias, a Polícia Federal havia divulgado papéis achados com um diretor da Odebrecht.

A divulgação da papelada era uma medida abusiva da PF, uma vez que revelava nomes de políticos com mandato; nessa condição, não poderiam estar no alcance de Moro, mas do STF, porque aqueles alvos detinham o direito a foro especial. A “lambança” fez o juiz parcial acionar, de novo, Deltan Dallagnol, seu principal capanga na missão de inventar provas onde provas não havia.

“Tremenda bola nas costas da PF”, diz Moro ao procurador das bochechas rosadas. “E vai parecer afronta”, acrescenta ele, expondo suas preocupações em simular isenção e seriedade no trabalho com a Lava Jato. Ao levar o pito do chefe clandestino da operação, Dallagnol corre para conversar com o delegado federal responsável pela ação nos endereços do executivo da empreiteira.

Cumprindo as ordens do Batman justiceiro, o canino Robin diz ao delegado Márcio Anselmo a frase que já é um clássico nessa verdadeira formação de quadrilha: Moro está chateado. O delegado não gostou muito da reprimenda: “Não vi motivo para todo esse alvoroço”. São flashes que atestam os métodos, caminhos e prioridades dos militantes políticos fantasiados de responsáveis autoridades.

Na sequência desse debate sobre o vazamento da PF, no troca-troca indecente pelo Telegram, Dallagnol volta a falar com o verdadeiro chefe da Lava Jato, de quem o procurador era uma espécie de “laranja”, como escrevi no texto anterior. Feito um mero sabujo do magistrado, ele se supera na bajulação a Moro: “Faremos tudo o que for necessário para defender vc de injustas acusações”.

Desde janeiro deste ano, o Brasil tem um ministro da Justiça que chegou ao posto depois de sabotar todos os manuais, livros e códigos do mundo jurídico. Na escalada final, achincalhou páginas da Constituição ao negar a suspeitos (e a réus) o sagrado direito à ampla defesa. A postura desse desclassificado está sendo exibida ao mundo, num caso inédito de desmoralização em praça pública.

É indispensável reiterar: essa gang de toga trapaceou as regras do jogo de maneira obscena, visando à condenação de um ex-presidente da República. Não daquele a quem os garotões não podiam “melindrar”, mas de Lula, que teria de ser banido da eleição. Cumprida a tarefa suja, Moro ganhou de presente o ministério e o passaporte a uma cadeira no STF. Agora, sim, ele tá chateado.

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