O “showzinho” de Sergio Moro, o juiz marginal

15/06/2019 03:20 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Sergio Moro, o “super-homem” dos bestalhões do bolsonarismo e da “nova direita”, está desmoralizado e não tem mais como se recuperar dos estragos provocados pelas reportagens do The Intercept. A mais nova leva de mensagens trocadas entre ele e procuradores da Lava Jato, divulgada na noite desta sexta-feira pelo site, confirma que o juiz agiu à margem da lei no processo contra Lula. Moro condenou o ex-presidente por “convicção”, sem apresentar uma miserável prova.

Os novos diálogos mostram que o então juiz, logo após tomar o depoimento de Lula, em 10 de maio de 2017, mandou os procuradores divulgarem nota para atacar o acusado. Numa evidência escancarada de que era ele, Moro, e não o Ministério Público que coordenava a operação, os garotões do MPF cumpriram à risca a ordem do chefe. Divulgaram a nota pra emplacar a “narrativa”.

As palavras fazem sentido. Quando recorremos a uma expressão para dizer o que pensamos, uma operação complexa é desencadeada. Sem cair na divagação, vamos direto ao ponto. Para justificar o pedido de uma nota contra Lula, Moro diz o seguinte ao então procurador Carlos Fernando dos Santos, um dos mais salientes na República de Curitiba: “Porque a defesa já fez o showzinho dela”.

É por essas e outras que Moro é quem é. Nunca foi imparcial, nunca foi isento, jamais esteve distante dos dois lados – ao contrário, ele esteve desde sempre atuando para prejudicar o investigado. Agiu em parceria com os acusadores do MPF. É uma inversão perversa, um ataque mortal às regras comezinhas do Direito. E ele agiu assim desde que assumiu os casos da Lava Jato em Curitiba.

Uma palavra apenas – e quanta coisa pode ser desvendada. “Showzinho”. É assim que o grande magistrado trata a defesa de um acusado? Por Nossa Senhora, como um juiz pode se referir de maneira tão canalha a um dos pilares da democracia, da civilização? Sim, meu amigo, o direito à ampla defesa é sagrado. É um marco que separa as democracias dos regimes ditatoriais.   

Prevalecendo a lógica marginal do doutor Moro, o réu não merece defesa nenhuma. Ele fala como se fosse uma concessão do juiz ouvir os argumentos de quem defende o acusado. Foi com esse modo pilantra de operar o Direito que Lula foi condenado. Mundo afora, juristas apontam a fragilidade da decisão, recheada de falácias e desprovida do que de fato interessa numa sentença: a prova cabal.

E esse elemento ainda postulava uma cadeira no Supremo Tribunal Federal! Naturalmente esse sonho agora está de todo enterrado. Resta ao juiz parcial, partidário e cabo eleitoral de Bolsonaro o ministério do capitão da tortura. Um quadro melancólico para quem se acha a “salvação” do Brasil. No governo, ele cai bem. Combina com o presidente desqualificado que idolatra ditaduras e ditadores.

Diante dos fatos demolidores, é uma comédia a reação dos governistas e seus porta-vozes pela imprensa. Para esses patriotas, dane-se a lei. O que interessa é “metralhar a petralhada”, acabar com esses comunistas ladrões que ameaçam o “cidadão de bem”. Por tais “argumentos”, não sei onde termina a ignorância e começa a delinquência. Hoje, Moro é só um rato. Lula, preso, se agiganta.

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