Sergio Moro e Dallagnol deveriam ser presos

13/06/2019 01:56 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O país descobre uma dessas tramas que raramente chegam ao conhecimento do grande público. É coisa que costuma ficar nos subterrâneos da política nacional. O que o site The Intercept Brasil acaba de revelar ao mundo prova que a operação Lava Jato sempre esteve a serviço, desde o começo de tudo, de um projeto político – um projeto de poder. Os diálogos entre Deltan Dallagnol e Sergio Moro são pornográficos. Os dois já deveriam estar fora dos cargos que ocupam. Isso pra começar.

Um procurador da República e um juiz federal tramam o destino de investigados, numa relação espúria que viola regras básicas na condução de inquéritos e processos judiciais. Moro aparece nas conversas dando ordem para o menudo do MPF de Curitiba. Os dois planejam os passos da Lava Jato – como se o juiz fosse o chefe das investigações. É um quadro de tamanha aberração que não por acaso estarrece o mundo. Basta ver a repercussão na imprensa lá fora. O Brasil reinventou o Direito.

O Ministério Público conduz o caso; investiga, pede diligências, toma depoimentos e, ao fim, oferece denúncia caso entenda que existam provas para condenar os alvos. Nessa equação, o juiz deve ser imparcial, neutro, sem qualquer movimento em favor das partes – a defesa do acusado e o órgão acusador. Isso não é um mero detalhe, não é uma simples vírgula da burocracia. Isso, a postura isenta do juiz, é condição indispensável à legalidade do processo. Fora desse parâmetro, resta a barbárie.

Os diálogos também mostram procuradores falando sobre a entrevista que Lula daria no ano passado, antes da eleição. A tal entrevista acabou sendo barrada pelo STF. Nota-se na troca de mensagens autoridades de Estado portando-se como militantes, milicianos de redes sociais, numa exposição de motivos políticos em suas ações. Ou seja, na Lava Jato tem de tudo, menos seriedade e honestidade na rotina de trabalho. Àquela altura, o que interessava era barrar a “eleição do Haddad”.

Quanto a Sergio Moro, o super-homem de bestalhões do bolsonarismo, hoje é um cadáver flanando por Brasília. Desde a explosão da bomba jogada pelo The Intercept, ele rasteja por gabinetes de deputados e senadores, mendigando apoio para ficar na cadeira de ministro. É bisonho! Na outra ponta, Moro se agarra a Bolsonaro, o presidente de quem ele seria um “superministro”. Acabou refém do capitão que agora exibe seu lacaio até em estádio de futebol. A dupla assistiu a CSA-FLA.

A turma da Lava jato, com Deltan e Moro à frente, reage ao noticiário da maneira mais previsível – e ridícula. Querem tirar o foco do conteúdo dos diálogos e brincar de indignados com a “ação criminosa de hacker”. É o que resta para quem não tem como explicar o inexplicável. O resumo dos fatos é que ao menos um juiz e alguns procuradores agiram à margem da lei e conduziram processos de acordo com seus interesses. Agiram, portanto, contra a democracia, contra todos os cidadãos.

O que vai acontecer agora? impossível prever o tamanho do estrago. Pela dimensão do que fizeram, pelo modo promíscuo com que tomaram decisões tramadas nos subsolos, pela indecência do conjunto da obra, Moro e Dallagnol deveriam ser presos. É uma possibilidade remota, reconheça-se, mas uma consequência já é definitiva: o procuradorzinho e o juizeco estão desmoralizados.

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