Bolsonaro negocia com a Globo “comunista”
Para quem não resiste a uma teoria da conspiração, olha aí uma bomba: Jair Bolsonaro se reuniu com o vice-presidente institucional do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto e contou ainda com a presença do ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni. Não se sabe qual foi a pauta do bate-papo entre o capitão da tortura e o mandachuva global. A notícia sacudiu os bastidores da política, afinal Bolsonaro já classificou o executivo como “inimigo” do governo.
Em fevereiro, a Veja revelou aqueles áudios de uma conversa entre Bolsonaro e o então ministro Gustavo Bebiano. Na troca de mensagens, o presidente ordenou que Bebiano cancelasse uma reunião marcada por seu subordinado com o mesmo Paulo Tonet. “Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro... Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo... Como presidente da República, cancela; não quero esse cara aí dentro, ponto final”. Era o que dizia Bolsonaro lá atrás.
Três meses depois, o diretor e a Globo saíram da condição de inimigos do governo? Será que fizeram as pazes, e a cobertura global ficará mais simpática aos projetos e às ideias do desqualificado mandatário do país? Até agora, o jornalismo das empresas dos Marinho não tem dado trégua às sandices e pilantragens fabricadas pelo bolsonarismo. Logo veremos se o tom vai mudar.
Fico imaginando quem está mais intrigado com o diálogo aberto agora entre o presidente e a Globo – se a oposição ou os fanáticos adoradores do pai do Carluxo. Como se sabe, Bolsonaro retaliou a emissora carioca e irrigou as concorrentes (Record, Band e Rede TV) com uma montanha de dinheiro. Legítimo representante da “nova política”, o presidente sabe recompensar a imprensa amiga.
Como os patriotas da seita bolsonariana preparam uma manifestação para o dia 26, podem incluir na pauta do protesto o repúdio ao assédio da Globo comunista sobre o honrado chefe da nação. Aliás, é exatamente o que pensam os mais engajados garotões da nova direita: o comunismo global (além do globalista) tenta cooptar esse governo que tanto faz pelo novo Brasil. É capaz de sair até tiroteio.
Fato é que a percepção no meio político é de que o presidente decidiu pela aproximação com a poderosa Rede Globo. Bolsonaro foi apoiado pelo sistema porque era a alternativa para derrotar o PT. Mas os barões dos grandes negócios no país sabem que ajudaram a eleger um pária, um incapaz que em trinta anos na política foi uma completa nulidade. Ele tem de entregar o que prometeu.
E as promessas de Bolsonaro que interessam aos tubarões nada têm a ver com políticas em favor do povão. O que eles querem é a garantia de seus lucros cada vez mais na estratosfera. A reforma da Previdência é a pedra de toque para os bancos e a ciranda financeira em geral. Para os fiéis do “mito”, recomendo não esquentar muito a cabeça. Vai ver, Bolsonaro e Tonet conversaram sobre novelas.
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