Ao negociar o mando de campo, CSA reabre um debate no futebol brasileiro

16/05/2019 00:22 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O presidente do CSA, Rafael Tenório, acusou o golpe. Alvo de pancadaria não apenas pelas redes sociais mas também na imprensa nacional, após vender o mando de campo do jogo com o Flamengo, Tenório se afastou do clube. Segundo ele, deixa a direção do time por 90 dias e não descarta a possibilidade de renunciar de vez ao cargo. Tudo por causa da avalanche de críticas.

Comentei o caso em texto anterior. Nesta quarta-feira, em programas e mesas redondas nos canais de esporte na TV, a decisão do CSA foi duramente atacada praticamente por todos os comentaristas e apresentadores do mundo da bola. Como enfatizei ao tratar do assunto, a jogada de venda de mando acaba por desequilibrar o campeonato. É algo suspeito sob qualquer ângulo por onde se veja.

Embora não seja novidade, a notícia envolvendo o time alagoano e o clube carioca tirou a pauta das gavetas e reinstalou o debate sobre a prática. Pelo que sei, a CBF proíbe a negociação do mando somente a partir da reta final da disputa, lá pelas últimas cinco ou quatro rodadas. É uma brincadeira. São 38 rodadas, o que torna o comércio dos locais de jogo um meio potencialmente fatal ao título.

O episódio tirou Rafael Tenório da aprazível “zona de conforto” na relação com a torcida do CSA. Até agora, o homem era visto como um verdadeiro Deus, o cara que levou o time a uma trajetória fulminante nos últimos anos, sendo o acesso à primeira divisão o momento da consagração. Bastou uma escolha vista como equivocada, para que tudo mudasse. O humor da massa é bipolar.

O que mais pega na encrenca é que isso mexe com noções de respeito, ética, jogo limpo, valores acima do dinheiro... Os torcedores se sentem insultados com a decisão do clube. Muita gente também considera ser um gesto na contramão da promoção do esporte em Alagoas – ou seja, é depreciativo também para o estado. Veja quanta coisa! A cartolagem subestimou as consequências.

Ainda que existam manifestações de apoio ao cartola azulino, é algo longe de se contrapor à artilharia sobre o mandachuva e seus auxiliares no Mutange. Além disso, me parece que o gesto repentino do presidente precisa ser melhor compreendido – talvez com mais informações do próprio dirigente, entre outras coisas. Por que não enfrentar o episódio? Sair correndo é esquisito. 

A repercussão do arranjo financeiro com a partida entre CSA e Flamengo pode provocar intervenção direta da CBF nas regras para a competição em 2020. A venda do mando, defendem profissionais do futebol, deve ser proibida em definitivo. É o que a Confederação pode decidir depois do barulho atual que surgiu em Alagoas. Nada muda por agora, e para o CSA (e Tenório) o estrago está feito.

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