Futebol turbina a imagem de Alagoas

22/04/2019 00:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Esqueça a política da casa – com nosso talento para influenciar a República, em diferentes momentos da vida nacional. Também esqueça a alta cultura caeté, que ora se traduz nas criações de Carlinhos Maia, esse novo guru da elite alagoense. O maior acontecimento na história recente de Alagoas é a chegada do CSA à primeira divisão do futebol brasileiro. Daqui a uma semana, no domingo 28, quando o time entrar em campo contra o Ceará, pela Série A, nada será como antes.

Pescando informações sobre o Azulão, descubro que o trabalho do treinador Marcelo Cabo não é uma unanimidade no clube. Haveria pessoas na cúpula da diretoria com opiniões pouco otimistas com a permanência do professor. Diante do cenário, parece contraditório que azulinos tenham restrições ao técnico responsável pela façanha da ascensão ao bloco dos grandes. Esses insatisfeitos acham que o time poderia contratar um nome com mais peso no mercado da bola. Veremos adiante.

O treinador já andou dizendo que recebeu dezenas de propostas para trabalhar em clubes maiores – mas deu preferência à continuidade de um projeto. Parece bonito. Não se sabe o quanto dessa demanda pelo talento de Marcelo Cabo seria coisa de marketing. O técnico não revela os autores das propostas tentadoras. A presidência do CSA, porém, ao tratar do assunto, garante que a ideia é pela manutenção da equipe técnica. A sequência dos primeiros jogos será determinante para o caso.

Mas não tenho informações concretas sobre uma eventual guinada da cartolagem sobre o futuro do treinador ou de qualquer outra peça no grupo. Aliás, essa não é a motivação do texto. Escrevo isso aqui para ressaltar o quase ineditismo de um time alagoano na primeira divisão. A visibilidade não apenas a jogadores mas também ao estado é automática, decorrente da potência única que é o esporte como vitrine. Numa competição longa, que atravessa quase o ano inteiro, haja exposição!

A estreia do CSA é fora de casa, em Fortaleza. E vejam que curiosidade: o mestre Lisca Doido, que treinava o Ceará até este domingo, perdeu o cargo após derrota para o Fortaleza, na decisão do campeonato estadual. Nesse caso, me parece que o clube cearense (e primeiro adversário dos alagoanos) decidiu levar a competição a sério. Mas isso é problema do inimigo, diriam os fanáticos da Mancha e simpatizantes. A segunda partida do CSA, contra o Palmeiras, será no Trapichão, em 01/05.

No mundo ao mesmo tempo pantanoso, superficial e despirocado que é o jornalismo esportivo, o CSA começa sua jornada na primeira divisão com destino selado: ficará entre os quatro rebaixados, de volta à Segundona em 2020. É o que pensam onze entre dez analistas de futebol. Para os que falam e escrevem sobre o nosso esporte mais popular, o time alagoano não tem chance de sobreviver por mais de uma temporada. A torcida aposta no mistério que ronda esse jogo de bola.

Além do feito surpreendente de subir à elite, quebrando uma tradição que parecia indestrutível para nós, o CSA terá de provar que o êxito não foi um acidente da natureza. Se conseguir isso, vai desmentir a previsão universal de fracasso inevitável. O desempenho do elenco não depende apenas de lições para o campo, mas também das ideias que podem pintar na cabeça de cartolas vivendo tempos festivos. E é isso: nas cores do CSA, parece que o futebol eleva o patamar de Alagoas.

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