Afiliadas da Rede Globo perdem audiência

10/03/2019 16:21 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Não é de hoje que a Rede Globo enfrenta uma situação desesperadora com sua afiliada na Bahia, uma das praças mais fortes da emissora dos Marinho. Agora a coisa piorou um pouco mais.  Reportagem no UOL mostra que a TV Bahia perdeu a liderança no Ibope em pleno Carnaval. Pela primeira vez, em dois dias consecutivos a TV Itapoan (afiliada da Record) bateu a Globo durante as 24 horas de programação. Até o chamado horário nobre foi dominado pela televisão do bispo.

Nos últimos anos, na terra de Jorge Amado e do acarajé as atrações globais vêm sendo esnobadas pelo público. Nos botecos do Rio Vermelho, nos jardins do Farol da Barra ou numa roda de capoeira, a crise da Globo está na boca do povo. Para tentar estancar a sangria, a direção da emissora baiana atira pra todos os lados: tirou da grade programas globais em troca de produtos locais, mudou apresentadores dos telejornais e apelou até para o chamado mundo cão – as pautas policialescas.

Nada disso, porém, surtiu os efeitos esperados pelos barões da família de Antônio Carlos Magalhães, o clã que domina a TV Bahia, além de jornais e emissoras de rádio. Qual é a encrenca? O jornalismo da Globo sabe que não tem como concorrer com programas como Balanço Geral e coisas do tipo. Sem as amarras que a Globo impõe a suas afiliadas, as concorrentes avançam com tudo.   

Não apenas em Salvador, mas também em outras capitais, a Globo sempre sofreu com as atrações do tal jornalismo policial apresentadas por suas rivais. É o que também ocorre em Alagoas, onde a TV Ponta Verde (SBT) e principalmente a TV Pajuçara (Record) incomodam a TV Gazeta (Globo) com seus programas destinados a assuntos na área de “segurança”. É uma dor de cabeça permanente.

As emissoras alagoanas sabem como anda o desempenho de cada uma na preferência do telespectador. Pesquisas do Ibope são feitas periodicamente, para servir de orientação ao mercado. Esses dados ficam entre os donos das empresas, longe do conhecimento público. Trava-se então uma guerra silenciosa, com medidas decorrentes dos itens obtidos a cada pesquisa.

Sei que a TV Gazeta se preocupa cada vez mais com o ibope de sua principal concorrente. A tensão ganha lances dramáticos devido à cobrança (nada diplomática) feita pelos tubarões da Globo. A afiliada recebe pressões para mostrar resultados que garantam a liderança segura entre os alagoanos. Quando a coisa fica muito complicada, paira o temor de investida mais grave da rede.

Os ventos não estão nada tranquilos para os negócios da TV aberta (e para as fechadas também), sobretudo com a explosão de serviços oferecidos pela internet. Ninguém precisa mais esperar pelo horário marcado para ver um programa de televisão. Hoje em dia, esse é um hábito dos dinossauros. Mas parece que executivos e jornalistas de TV continuam vivendo num planeta distante.

Quando vejo os telejornais locais – por obrigação profissional –, entendo por que a audiência da TV Gazeta não está entre as boas notícias que a Globo espera. É um festival de release – aquela “notícia” que na verdade não passa de informação produzida por assessorias de imprensa. É propaganda. Não há jornalismo nenhum nesse tipo de negócio, e não se vê indício de qualquer avanço. A Bahia avisou!

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