Governador vai trocar secretários do Paraíso

21/02/2019 16:12 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Leio em nossa imprensa que o governador Renan Filho prepara um troca-troca de colaboradores em sua gestão. Fala-se em até quatro ou cinco novos nomes no secretariado. As mudanças, como sempre, passam longe das demandas por melhores serviços ao distinto público. Os critérios e as motivações para mudar se resumem ao jogo político, aos interesses partidários na paróquia.

Durante o mês de janeiro, o governador mudou titulares das pastas movido pelas mesmas razões. Como se sabe, ao tentar impor seu próprio tio – o deputado Olavo Calheiros – como presidente da Assembleia Legislativa, Renanzinho saiu degolando cabeças para tentar viabilizar seus planos de eleger o parente. Deu tudo errado. Marcelo Victor fechou amplo acordo e venceu a disputa.

Aliás, quando sentiu que a derrota estava sacramentada, Olavo desistiu da candidatura e voltou ao seu mundo particular – distante, indiferente e um tanto sombrio. Foi um processo traumático, que resultou inclusive na demissão de Melina Freitas, até então a intocável secretária de Cultura. Especula-se que, passado aquele terremoto, ela teria tudo pra reassumir o cargo. Não sei.

Uma janela por onde pode entrar um novo secretário é a negociação para que um deputado federal aceite trocar Brasília por Maceió. Assim, o ex-governador Ronaldo Lessa, que ficou como suplente na eleição de 2018, assumiria o mandato. O governador também negocia um posto para o experiente Maurício Quintella, derrotado na disputa para o Senado. Vê-se que são várias as opções.

É claro que não se pode condenar o governante por formar uma equipe com aliados. Com inimigos é que não pode ser. É da política. O drama é quando se constata que esse tipo de arranjo é o único interesse levado em conta para eventual reforma num secretariado. Sendo esse o padrão exclusivo das escolhas, é fácil entender a precariedade no trabalho que deveria ser desenvolvido. Batata!

Tudo isso, na lógica estupidamente óbvia, tem como finalidade pavimentar atalhos a futuras disputas eleitorais. É por aí que se move a caneta do governador. Mais que as metas de realização de projetos necessários à população, os grandes objetivos são as eleições de 2020 e de 2022. Pela cronologia, a preocupação maior agora é a prefeitura de Maceió. O grupo de Rui Palmeira que se cuide.

Enquanto isso, a sede do comando da Polícia Militar está literalmente caindo aos pedaços. Unidades de saúde não têm medicamentos básicos. Crimes de homicídio ficam sem investigação. Servidores de várias categorias reclamam de sucateamento em suas áreas e preparam greves. Vítimas de calote estatal, produtores de leite jogam a produção no lixo. E obras se arrastam indefinidamente.  

Mas o governo vende a imagem de um estado que, na propaganda, rivaliza com o paraíso perfeito. Vivemos numa Alagoas sem problemas. Tem-se a impressão de que os marqueteiros produzem suas peças a partir de alguma distante Ilha da Fantasia. Depois do carnaval, novos secretários darão continuidade ao conjunto da obra de ficção. Em nome do poder, a realidade não pode atrapalhar.

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