Autoridades falham feio com o Pinheiro

18/02/2019 01:58 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A operação que simulou a saída emergencial de moradores do Pinheiro, em Maceió, neste sábado (16), pareceu bastante confusa. É o que constato diante da cobertura da imprensa, incluindo as imagens e os depoimentos exibidos na TV. O que se viu foi gente desorientada, sem informações que deveriam chegar de modo rápido e ordenado. O bairro, como se sabe, virou notícia nacional após aparecerem fendas e crateras nas ruas – e vários imóveis correm risco de desabamento.

A coordenação entre os órgãos envolvidos não foi das mais eficientes. Muitos moradores ouvidos pelos jornalistas reclamavam que não houve o toque de uma sirene que deveria sinalizar o perigo iminente. Já as autoridades responsáveis pela operação diziam que isso não estava combinado – ou seja, não haveria qualquer sinal sonoro como aviso para a saída de emergência. Ruído geral.

Diante do que se viu, até agora não sei qual a concreta utilidade do treinamento para aquelas centenas de famílias angustiadas com o que ocorre no Pinheiro. Segundo a Defesa Civil, são 19 mil pessoas vivendo na região atingida pelo afundamento do solo. O problema começou há um ano, mas até hoje ninguém explicou o que provoca os buracos nas vias e as rachaduras nos prédios.

Aliás, a desinformação tem sido a regra nas declarações de autoridades – locais e nacionais. Depois de muita especulação, a Braskem foi apontada como possível responsável pelos danos, que seriam decorrentes da exploração do solo realizada pela gigante da indústria brasileira. Sem laudo nenhum, a direção da empresa se apressou em negar qualquer influência na origem do caso.

Os moradores estão sendo submetidos a uma maratona de reuniões com meio mundo de doutores que falam muito e não esclarecem nada. Prefeitura, governos estadual e federal, Defesa Civil, Ministério Público – sobram burocratas chutando potoca pra todo lado, e só isso. Até o presidente Jair Bolsonaro, no seu estilo ignorante e despudorado, falou besteira, agitou as coisas e depois se calou.

Como disse, os primeiros sinais evidentes de que algo muito grave ocorria vieram no começo do ano passado. Ainda assim, as autoridades se mantiveram cegas e surdas. Só a partir do fim de 2018 pra cá, quando as cores da calamidade ganharam as manchetes, a gestão pública se manifestou. Com a lerdeza paquidérmica típica dos burocratas, gestores enrolam – e nada parece avançar.

O que avança é o número de casas e apartamentos abandonados. Há também muitos casos em que moradores se recusam a deixar os imóveis, mesmo que a estrutura já apresente avarias evidentes. Essas pessoas cobram dados definitivos sobe o fenômeno, para tomarem uma decisão racional. Mas, pelo que se viu até aqui, é impossível uma previsão sobre quando teremos alguma resposta.

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