Hamilton Mourão, inimigo dos Bolsonaro

14/02/2019 00:11 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Sabem da última ameaça ao honrado presidente da República, Jair Messias? Ao contrário do que se poderia imaginar, não estou falando de nenhum perigoso carcamano do globalismo ou do marxismo cultural. Por mais estranho que possa parecer, bolsonaristas identificaram no vice Hamilton Mourão um inimigo tão odioso, que precisa ser abatido. Os doentinhos da nova direita queriam demitir o general do governo o mais rápido possível. O problema é que ele foi eleito no voto.

Mourão virou alvo dos três maloqueiros filhotes do presidente (sem querer ofender a maloqueragem de raiz). Com pouco mais de um mês de governo, o vice-presidente agora é tão odiado no planeta bolsonariano quanto uma exposição de arte ou uma música do comunista Chico Buarque. Nunca pensei que tão rapidamente o fanatismo dessa galera se voltasse contra seus próprios integrantes.

Mas é exatamente isso o que está acontecendo. A cada entrevista do vice, intelectuais do nível de Alexandre Frota e Joice Hasselmann atacam nas redes sociais. A mesma atitude é replicada pelos seguidores da seita Brasil afora, internet adentro. Se eu fosse o Mourão, tomaria alguns cuidados, afinal os Bolsonaro têm aquele carinho por milicianos. Vai que, tomados por forte emoção...

As trombadas com o vice alimentam um dos vários focos de crise num governo com pouco mais de um mês de vida. Todo dia é uma confusão dos diabos, sempre com a contribuição infalível dos próprios governistas. Mas nada se compara à desenvoltura dos herdeiros do capitão presidente. São obcecados em manietar as ações de qualquer ministério; querem mandar mais que os ministros.

Bolsonaro deixou o hospital nesta quarta-feira. A alta médica chegou junto com mais uma crise, deflagrada após reportagens da Folha de S. Paulo, que mostram o laranjal de candidaturas do PSL, o partido do presidente. Pelo que já se sabe, o partido da “nova política” é especialista em fabricar candidatos fantasmas, para garantir o desvio do fundo partidário, abastecido com recursos públicos.

O escândalo da safadeza com laranjas nas eleições do ano passado pode custar a cabeça de Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria Geral da Presidência. Ele era o presidente nacional do PSL durante o processo eleitoral de 2018. No meio do caso, Carlos Bolsonaro, um dos pivetes do capitão, chamou Bebianno de mentiroso pelas redes sociais. O governo mantém o nível prometido.

Depois de Mourão, portanto, agora é Bebianno o alvo principal dentro do próprio governo. A situação do ministro é insustentável. Mas ele disse em entrevista à Globo que não pede demissão. A crise está no patamar mais delicado, a ponto de poder provocar a primeira baixa no ministério. Voltarei ao assunto no próximo texto para abordar com mais detalhes o fator família no comando do país.

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