Senado: Davi Alcolumbre presidente, o destino de Renan e a estreia de Kajuru

02/02/2019 19:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O novo presidente do Senado é do Amapá. Davi Alcolumbre, 42 anos, está no primeiro mandato. Foi vereador e deputado federal pelo PDT. Hoje é um dos “renovadores” da política alojados no DEM. A vitória do senador dá ao Democratas um protagonismo inesperado – com Rodrigo Maia na presidência da Câmara, comanda agora as duas casas. É uma situação nada corriqueira entre nós.

Além de mandar no Congresso, o partido emplacou três dos mais importantes ministérios na equipe de Bolsonaro: Casa Civil, Saúde e Agricultura. A situação provoca ciumeira nas alas que disputam poder dentro do governo. Alcolumbre foi uma aposta do ministro Onyx Lorenzoni. Terá, portanto, de entregar o combinado à altura do empenho de uma tropa governista. Vai ter imenso trabalho.

A partir de agora, começa pra valer a rotina de negociações com o governo em torno da agenda de votações. O projeto mais aguardado é o da reforma da Previdência. O Planalto conta com a parceria do Legislativo para aprovar o que vem por aí. O eleito para presidir o Senado assume refém das prioridades governistas. Veremos como se portará diante de casos concretos em debate no plenário.

E Renan Calheiros? O que todos se perguntam é se ele vai mesmo para a oposição ostensiva ou se terá outra postura. Como candidato a presidir o Senado, ele tentou mostrar simpatia plena às ideias de Bolsonaro. Agora, na condição de maior derrotado, num processo por demais desgastante, deve avaliar os rumos no dia a dia do parlamento. Pode surpreender, seja qual for a escolha que fizer.

A eleição que agora está resolvida deixa um saldo grave. Com cenas típicas de ficção ruim, senadores mostraram por que a imagem dos políticos e o conceito de política nunca estiveram tão sujos. Nos dois dias das sessões, houve um festival de manobras e agressões ao regimento do Senado. Uma mostra do quanto estamos longe de um padrão sério e civilizado na vida pública.

Com uma formação cheia de novatos, o Senado registrou, nesses dois dias, alguns momentos de pequenos choques entre os mais veteranos e a turma que se vende como a “nova política”. Num desses momentos, o senador petista Jaques Wagner chegou a levantar a voz para contestar uma das crias da jovem guarda. Não se sabe se esse tipo de embate dura muito ou acaba em pouco tempo.  

Não sei em que medida, mas parece que, também nesta eleição do Senado, as redes sociais jogaram algum papel relevante. Durante as sessões senadores falavam diretamente com eleitores que acompanhavam tudo e cobravam os eleitos e compartilhavam e faziam zoada por cada lance e até foram citados por alguns parlamentares. Tudo assim, embolado e instantâneo, até sem vírgula.

O Senado ganhou um personagem difícil de encontrar um rival à altura. Espero que me entendam: falo de Jorge Kajuru, aquele jornalista esportivo. O novo senador fez enquetes, em tempo real, pra que seus seguidores decidissem como ele deveria votar. Ao defender voto aberto, contou ao país como descobriu um caso de traição quando era criança. O pai era dado a coisas secretas, revelou.

Se, em termos de talento para a comédia, Kajuru não é páreo para o Tiririca, seu colega de Congresso na Câmara, o senador é craque em produzir insanidades e bizarrices. Teremos um Senado talvez bem mais animado. Aliás, Kajuru fez vários elogios a ele mesmo durante as sessões, com destaque para seu “poder de comunicação” e domínio da “oratória”. A perspectiva é das melhores.

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