A posse do parlamento mais ou menos novo

01/02/2019 02:52 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Na falta de termos e conceitos mais precisos, sim, toma posse um novo Congresso Nacional com uma inflexão a rigor inédita – conservador, liberal, de direita. Uma interpretação aponta para as manifestações de junho de 2013 a origem, o marco zero do barulhento fenômeno que levou Jair Bolsonaro ao posto de presidente da República. O novo parlamento retrata a transformação do país.

A eleição de estreantes na política que ficaram famosos na militância virtual é um traço no Congresso e também nas Assembleias estaduais. Parte desses eleitos esteve ligada a movimentos organizados que trabalharam pelo impeachment de Dilma Rousseff, como o MBL. A hostilidade ao PT e à esquerda em geral muitas vezes produz declarações e episódios, digamos, constrangedores.

Mas isso tudo, embora a novidade seja algo relevante, é apenas uma parte do todo. Não há como, no sistema brasileiro, uma unidade ampla nessa Câmara dos Deputados. Negociar interesses de 513 políticos é coisa de tiroteio em terra de ninguém. Uma Câmara cheia de caras novas e gente jovem deve ser presidida pelo atual presidente, Rodrigo Maia. Afinal, o que é velho ou renovação?

Um Senado também cheio de estreantes dá posse hoje aos eleitos. Mas, assim como na Câmara, os calouros vão conviver com veteranos em plena forma na disputa permanente de poder. A legislatura começa num clima tenso como não ocorria havia muito tempo. O motivo é a eleição para a presidência da Casa. Com a maior bancada, o MDB confirmou a candidatura de Renan Calheiros.

Foi uma primeira vitória do alagoano, que enfrentou uma adversária dentro de casa, a senadora Simone Tebet. Sem acordo, 12 senadores apelaram ao voto para escolher o nome da legenda na eleição. Renan venceu a rival por sete a cinco. São treze integrantes na bancada, mas o senador Jarbas Vasconcelos faltou à reunião partidária. Não conseguiu explicar claramente por que sumiu.

Seja quem for o eleito, nas duas casas, o que interessa é saber para onde vamos nos debates a serem travados a partir de agora. As primeiras semanas vão dizer, por exemplo, o quanto da agenda será tomada por projetos na área de comportamento e costumes – uma obsessão dos bolsonaristas – e o quanto as reformas terão prioridade. O caso da Previdência é o mais dramático.

Para o ministro Paulo Guedes, um Congresso aliado e disposto a votar é essencial pra tocar as grandes apostas no campo da economia. Tudo o que de fato interessa passa pelo parlamento. Em alguns casos, será necessário um forte apoio para aprovar emendas à Constituição. Haverá ocasiões de sobra em que veremos a qualidade dos representantes do povo – os novos e os resistentes.

Na Assembleia Legislativa de Alagoas, a posse dos eleitos se dá com a eleição de presidente da Casa resolvida. O deputado Marcelo Victor conseguiu costurar um bloco de apoiadores que, fazendo as contas, garante sua vitória. A maior novidade na ALE que saiu das urnas, creio eu, é Cabo Bebeto, legítimo representante do bolsonarismo, filiado ao PSL, o partido do presidente Bolsonaro.

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