Caso Pinheiro testa governo e prefeitura

28/01/2019 16:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O texto anterior começa com um registro sobre o domingo de sol fumegante em Maceió. Pois horas depois de publicar o post, a chuva começou, forte e quase sem parar, na madrugada desta segunda-feira – e os estragos são muitos até agora. Se a situação já era dramática no Pinheiro, o temporal fez novos estragos nas ruas e aumentou o medo de desabamento de imóveis naquela região.

Pelo que dá pra entender de longe, a demora para se chegar a um diagnóstico definitivo é uma das coisas mais absurdas. Não que se queira uma mágica repentina para explicar o fenômeno que atinge esse bairro da capital, mas não se tem sequer uma previsão para um laudo conclusivo. Daí porque o barulho daquela declaração de Bolsonaro sobre a “mineração” como causa do problema.

Desde a entrevista do capitão, 48 horas se passaram (até a publicação deste texto), e ninguém explicou o fato de o presidente da República ter revelado uma informação até então negada pelas vias oficiais. Segundo Bolsonaro, seriam as atividades da Braskem que teriam provocado os tremores do solo e as crateras que ameaçam os imóveis. Não houve desmentidos do Planalto.

O prefeito Rui Palmeira e o governador Renan Filho reagiram rapidamente às palavras de Bolsonaro. Rui formalizou pedido de explicações a Brasília; o governador suspendeu as licenças da Braskem para explorar áreas do bairro do Pinheiro. O alcance das iniciativas, em ambos, não vai além do cosmético em termos práticos. Mas é obrigatório marcar uma posição no campo político.

O fenômeno do Pinheiro testa, a cada dia e a cada novo lance, a capacidade dos governos municipal e estadual diante de desafio inédito. Não me lembro de algo dessa magnitude a exigir ações rápidas e eficazes por parte de gestores – sendo que o gravíssimo problema cresce a céu aberto, visto por todos que passem por lá. E atinge alguns milhares de pessoas e famílias, agora expulsas de casa.

O governo federal tem de lidar com a tragédia da barragem de Brumadinho (MG). Não demorou, e já se espalham declarações de autoridades trocando farpas na busca por culpados pelo acidente. Não deveria, mas o componente político é incontrolável nessas ocasiões – o que naturalmente piora tudo. Com os danos expostos à luz do sol ou debaixo de chuva, a política é outra ameaça no caso Pinheiro.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..