Sem viés ideológico!

22/01/2019 14:37 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A frase do título aí acima é repetida por Jair Bolsonaro a cada vez que ele abre a boca para nos brindar com seu original pensamento. Não apenas o presidente, mas também seus filhos e ministros do governo adoram reproduzir a idiotice. Seguindo o ídolo, os meninos desmiolados da Nova Direita saem por aí feito papagaios retardados espalhando a mesma cretinice como se fosse uma epifania.

Diante do conjunto da obra do bolsonarismo – que já inclui as estripulias imobiliárias de Flávio Bolsonaro –, a fixação com o “combate à ideologia” é algo menor, mas ajuda a explicar o tipo de gente que está no comando. Ainda antes de receber a faixa, já estava claro que Bolsonaro assumiria para tocar um governo com todas as motivações ideológicas – e não o contrário, como ele mente.

Nem é preciso esforço pra desmontar a falácia da frase que informa a ausência de viés ideológico. Basta olhar para o Beato Salu, o ministro das Relações Exteriores. Também conhecido como Ernesto Araújo, ele é um típico militante de redes sociais que, justamente por essa militância pedestre, ganhou o cargo de presente. Lelé da cuca, o chanceler faz o Itamaraty passar vexame global.

Em postos decisivos para políticas públicas na Educação e na Saúde, por exemplo, o governo Bolsonaro também caprichou nas nomeações cem por cento ideológicas. Os caras não pensam em outra coisa que não seja a caça a desgraçados comunistas. É assim em todos os setores, do Meio Ambiente à Justiça – sem falar na ministra Damares Alves, a musa de Jesus no Pé de Goiaba.

Afinada com o discurso do chefe, parte da bancada do PSL, o partido do presidente, foi bater na... China comunista. Engajada na missão de renovar a política, a patota embarcou para um convescote, sob o pretexto de conhecer uma tecnologia de reconhecimento facial. Em vídeos postados pelos próprios turistas, vimos o quanto o pessoal estava empenhado no trabalho em defesa do Brasil.

A boquinha para vadiagem internacional é uma tradição brasileira. Mas os renovadores da política de agora inovaram mesmo: pegaram carona na pilantragem ainda antes de assumirem os mandatos. Até hoje, esse tipo de presepada era exclusividade de políticos no exercício de funções legislativas. Como os bolsonaristas chegaram para mudar tudo isso que está aí, decidiram então queimar etapas.

Voltando àquele viés, Jair Bolsonaro repetiu a piada nesta terça-feira ao discursar em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Segundo a imprensa, foi um discurso pífio, recheado de chavões e ideias vagas. Ou seja, Davos viu um genuíno Bolsonaro, um homem público desqualificado, com trajetória medíocre e uma fixação doentia em torturadores. Pensando bem, o único viés aí é o da indecência.

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