Em Maceió, prédios à beira do desabamento

22/01/2019 17:05 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

No dia primeiro de maio do ano passado, um edifício de 24 andares desabou no centro de São Paulo. O imóvel, que pertencia à União, estava ocupado por famílias de sem-teto. Logo no dia seguinte ao acidente, o Ministério Público de Alagoas anunciou à imprensa que faria um levantamento de todos os prédios públicos abandonados por aqui. A medida teria como objetivo, é claro, evitar em nosso estado tragédia semelhante à registrada na capital paulista. Uma elogiável posição, você pensa.

Alguém sabe que fim levou essa importante iniciativa do MP alagoano? Alguém tomou conhecimento do resultado desse levantamento? Pergunto porque não sei. O que todos sabemos é que, como sempre ocorre nessas ocasiões de grande comoção, as incontáveis providências, prometidas no calor da hora, evaporam com a mesma velocidade com que são anunciadas.

Quando o próximo desastre acontecer, aqui ou lá fora, aí voltaremos a reencontrar a mesmíssima celeridade nas ações de governo, do Judiciário ou do MP. Não adianta se desesperar, é um padrão. Na verdade, o que chamei de “ações” se resume a uma pororoca de anúncios oportunistas que não vão além disso. Foi assim no caso da boate Kiss, para ficar num exemplo trágico que marcou o Brasil.

Em Maceió, o que não falta é prédio abandonado, alguns aos escombros, e muitos com risco de desabamento. Um passeio pelo centro da cidade, ou pela Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro, e vamos encontrar um número impressionante de construções fantasmas. Entre imóveis públicos, um dos casos mais escandalosos é o prédio que sediou a Secretaria Estadual de Educação.

A antiga secretaria foi simplesmente abandonada no governo de Teotonio Vilela Filho. É um legado à altura da gestão que a pasta viveu à época – muita espuma e zero de realizações. Outro esqueleto no centro de Maceió está na Praça dos Palmares. É a antiga sede do INSS em Alagoas. Também nesse caso, o bravo e operante MP já informou tudo o que faria. Estamos esperando há alguns anos.

E na manhã desta terça-feira descobri pelo ALTV, na TV Gazeta, que nada menos que o prédio do Comando da Polícia Militar, também no Centro, está condenado pela Defesa Civil, com risco iminente de desabar. O relatório que detalha o problema mostra vários pontos do imóvel literalmente caindo aos pedaços. Mantida em sigilo desde o ano passado, a encrenca foi revelada pelo G1 Alagoas.

Mas a quantidade de prédios privados em situação periclitante, repito, é de impressionar. Isso tem jeito? Se a esfera pública não consegue nem cuidar de seu próprio patrimônio, o que dizer sobre os casos de responsabilidade da iniciativa privada? Não se vê solução no horizonte. Quando circulamos pela cidade, em determinados pontos, não seria exagero falar numa Maceió fantasmagórica.

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