Eleição na ALE e o “mala” Olavo Calheiros

08/01/2019 15:23 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Os fatos estão na ordem do dia na imprensa alagoana. O governador Renan Filho passa o rodo na equipe, com exonerações em série, o que seria decorrência dos rumos da eleição para presidente da Assembleia Legislativa. Não se fala de outra coisa no meio político local. A expectativa é quanto a novos nomes a serem banidos da gestão. A zoada, inesperada, pegou todo mundo de surpresa.

Trocando em miúdos, o governador prefere ter o deputado Olavo Calheiros, seu tio, como presidente da Assembleia. Mas faltou combinar com os russos – no parlamento, a candidatura do deputado Marcelo Victor tem o apoio declarado de ao menos 21 nomes. Vendo a formação da chapa de Victor ganhar ares de imbatível, Renan Filho partiu para a retaliação explícita: demite todos os “traidores”.

A suposta traição, no caso, seria dos parlamentares que emplacaram nomes na máquina estadual e, agora, rejeitam a alternativa de Olavo Calheiros para presidir a casa de Tavares Bastos. A demissão mais ruidosa – e surpreendente – foi a de Melina Freitas, que perdeu o posto de secretária de Cultura. Ela é sobrinha do deputado Inácio Loiola, outro que também está com Marcelo Victor.

A postura do governador, de demitir indicados porque os padrinhos não obedecem a sua vontade sobre a eleição na ALE, mostra uma face nada diplomática de Renan Filho. A estratégia está fazendo água: o chamado Grupo dos 21 parece ainda mais coeso após os atos de força do Palácio dos Palmares. A continuar nessa toada, Marcelo Victor caminha para uma vitória acachapante.

A pressão por Olavo Calheiros também surpreende por outro aspecto: o tio do governador é visto como um tremendo mala entre os colegas da Assembleia. Arrogante e nada polido no trato com os pares, ele já demonstrou várias vezes desprezo pelas atividades parlamentares. Olavo cogitou até desistir de sua reeleição para a ALE, mas, em nome do poderio da família, encarou o “sacrifício”.

Agora, me digam: como é que alguém que age como se o trabalho na ALE fosse um fardo insuportável pretende comandar esse mesmo colegiado? O cara mal aparece nas sessões, quase nunca abre a boca e trata com desdém os debates propostos pelos demais deputados. Com esse perfil, Olavo pode ser tudo, menos um candidato palatável a presidente. Sua aspiração é surreal.

Aí vem o governador e tenta enfiar goela abaixo dos parlamentares uma candidatura com esse grau de azedume. Salvo uma reviravolta (bem improvável), não há perigo de dar certo para a turma de Renanzinho. Sem contar que não é nada saudável no jogo democrático tanto poder concentrado nas mãos de um mesmo grupo. A ALE é sempre governista, mas o governador, está claro, quer mais.

Novidades podem ocorrer a qualquer momento. Depois da exoneração de pelo menos seis pessoas, todo mundo se pergunta o que mais o governador planeja em nome do tio candidato na Assembleia. Ele até pode fazer muita coisa, é verdade – menos transformar um notório brucutu em Miss Simpatia.

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