O governo do Beato Salu

06/01/2019 16:40 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Uma semana de um governo formado por delinquentes lunáticos, saudosistas da ditadura e falsificadores compulsivos. Os três tipos estão por toda a esplanada ministerial, mas a síntese da degradação é o Ministério das Relações Exteriores. Seu titular é Ernesto Araújo, que diplomatas obrigados a conviver com o elemento já batizaram de Beato Salu – o personagem de Roque Santeiro. Araújo combina truculência nos modos e verborragia entre o messiânico e o falacioso.

O Beato Salu do bolsonarismo sonha com um Brasil governado por uma teocracia, um regime subordinado a suas esquisitices propagadas em nome de Deus. E para isso ele está convicto de seu papel como apóstolo dos novos tempos – ou da “nova era”, como quer a ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos. Os novos donos do poder querem se meter na vida particular das pessoas, fazendo exatamente aquilo que acusam os governos anteriores de fazer.

O comportamento errático e o obscurantismo nas ideias, vistos em quase todos os ministros, estão de acordo com o chefe, o capitão que exalta torturadores e assassinos do regime militar. Sim, este é o perfil – bizarro – do presidente. Nesse balaio tenebroso não há margem para ações exclusivamente técnicas, ou mesmo próprias da política – tudo passa pelo crivo do fanatismo raivoso, da distorção dos fatos, para emplacar a versão que interessa aos bandoleiros do Planalto. É o DNA dos caras.

O dono da faixa, como todos sabem, continua em cima do palanque, despejando todo tipo de cretinice, agredindo pessoas, como um moleque viciado em redes sociais. Seguindo Donald Trump, seu modelo de papagaiadas, Bolsonaro não conhece limites para o ridículo, sempre exposto com evidente orgulho. No conteúdo, pululam mentiras, preconceitos e uma vasta ignorância.

Quando abre sua boca suja para falar de medidas governamentais, Bolsonaro mostra toda sua nulidade como gestor de qualquer coisa. Foi o que vimos na coleção de baboseiras sobre impostos, fusão de empresas e reforma da Previdência. O sujeito foi desmentido, por sua própria equipe, horas depois de falar sobre assuntos dos quais nada sabe. Será assim o tempo todo, podem apostar aí. 

Bestalhões que aderiram, louca e apaixonadamente, aos ideais do capitão da tortura repetem o mantra de que o novo governo não atua com “viés ideológico”. Eu não sei se isso está mais para a burrice ou a má-fé. Tudo na gestão Bolsonaro está envenenado por overdose de ideologia tarja preta – do juizinho Moro ao ministro colombiano da Educação. Eles só pensam em “marxismo cultural!”.

Se Bolsonaro conseguisse implantar o governo de seus sonhos – e de seus três filhotes patetas –, eu não poderia publicar um texto como este. Para essa laia, o regime perfeito é aquele em que vozes críticas devem ser caladas à base da força bruta. A democracia brasileira passa pelo teste mais duro desde a volta das eleições diretas. (E salve o Dia de Reis – é ou não é camarada Coelho?!).

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