Pelo Senado, governo Bolsonaro trata Renan Calheiros como o Inimigo Número 1

04/01/2019 16:44 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Tido e havido como um craque absoluto no jogo de bastidores da política – para usar termo das antigas, uma verdadeira raposa –, o senador Renan Calheiros terá de mostrar que ainda é tudo isso mesmo. Candidato a presidência do Senado, visto como amplamente favorito entre os colegas da Casa, ele encara um adversário descomunal – é o inimigo a ser abatido pelo governo Bolsonaro.  

Reportagem no Estadão desta sexta-feira relata a estratégia do governo. Diz o jornal na primeira página: “PSL articula oposição a Renan no Senado”. O partido lançou o nome do senador Major Olímpio como candidato a presidir o colegiado, mas isso é uma candidatura para ganhar força nas barganhas ao apoio a um nome capaz de derrotar o senador alagoano. Não deixa de ser uma opção arriscada.

O risco é o governo provocar reações entre senadores que entendam haver intromissão da máquina oficial em favor do nome que interessa a Bolsonaro e sua turma. Olímpio deve retirar seu nome da disputa e apoiar um colega que apareça com mais chances de vitória. Outros postulantes ao cargo são a senadora Simone Tebet e o senador Tasso Jereissati. A briga está apenas no começo.

Tebet é do MDB, o mesmo partido de Calheiros – o que põe um ingrediente a mais no jogo a desafiar o pai do governador de Alagoas. Quanto a Jereissati, o coronelzinho de olhos azuis, é um dos donos do Ceará, notório desafeto do parlamentar alagoano. Tebet e Tasso não têm votos pra chegar lá com suas próprias forças; contam com o rolo compressor governista para fisgar o comando do Congresso.

Na guerra para levar o Senado, PSL e governo esperam contar ainda com uma forcinha do Supremo Tribunal Federal. A votação é secreta, como prevê o regimento da Casa, mas isso hoje está no campo da incerteza. É que em dezembro passado, uma liminar do ministro Marco Aurélio Mello determina votação aberta, o que, em tese, prejudica bastante a candidatura de Renan.

A liminar será julgada pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli. Se for mantida, estaremos diante de mais uma extravagância estúpida entre tantas produzidas pelo Judiciário. Mas não será surpresa se isso for confirmado, afinal, como se vê, a independência entre os três poderes varia ao sabor das conveniências e pendores partidários. No voto fechado, dizem, Renan já está eleito.

O Congresso está em recesso. Quando voltarem ao batente, em primeiro de fevereiro, senadores vão mostrar, nesta eleição para o Senado, se estão dispostos a honrar a Casa, mantendo-a livre das pressões da máquina governista, ou se aderiram em bloco aos novos donos do pedaço. Renan encara uma parada complicadíssima, agora como alvo e inimigo número um de Bolsonaro & Cia.

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