O promotor Kleber Valadares concedeu mais detalhes na manhã de hoje sobre a segunda fase da Operação Perfídia desencadeada nesta quinta-feira (13) em Alagoas e Pernambuco. Segundo o promotor, o empresário e chefe da organização criminosa Victor Pontes de Mendonça Melo [que se encontra preso em Alagoas] recebia propina para deixar de participar do certame licitatório favorecendo empresas de Pernambuco.
Conforme explicou o promotor, a partir dessa informação de que Victor recebia propina, o Ministério Público investigou quem era o sócio da empresa e descobriu que a instituição foi beneficiada por pelo menos três municípios alagoanos e três de Pernambuco.
“Queremos aprofundar as investigações chegando aos elementos que na cadeia da corrupção são considerados os maiores”, explicou Valadares.
Após a primeira fase da operação que resultou na prisão de três envolvidos, essa segunda fase tem o objetivo de detalhar os alvos, colher provas e chegar ao topo da pirâmide. “Sabemos que Victor Pontes fraudou licitações, foi envolvido com corrupção e se associou a outras pessoas, inclusive a agentes públicos”, destacou o promotor.
Como funcionava a dinâmica?
Valadares disse que Victor confessou o caso e que o MP chegou até o empresário Flávio Hugo, dono da empresa Ferreira e Moraes, de Caetés (PE). Segundo explicou o promotor, a empresa contratou vários municípios e houve uma série de contratos irregulares, como material de expediente, material de construção, manutenção predial, aquisição de ar condicionado. “Vários serviços que dificilmente a empresa pode conseguir prestar”, afirmou Kleber.
Ao investigar a empresa de Caetés foi constatado que Victor e Flávio faziam contato e que se sabe é que “a forma de oferecer dinheiro para o outro sair da licitação já ocorreu mais de uma vez”. O promotor enfatizou que a prática entre os dois empresários era para ter, futuramente, vantagens com o dinheiro público.
Na ação de hoje, o MP recolheu computadores, celulares e documentos. Ninguém foi preso.
Primeira fase da Perfídia
Em setembro deste ano, o Gaesf deflagrou a 1a fase da “Operação Perfídia”, que cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão nos municípios de Maceió, Arapiraca, Coqueiro Seco e Satuba.
Na ocasião, o Gaesf informou que a organização criminosa liderada por Victor Pontes era composta por pelo menos 11 pessoas físicas. Parte delas era considerada “testa-de-ferro” e “laranja”. O esquema também envolvia 17 empresas, com todas atuando de maneira fraudulenta contra o fisco de Alagoas.
*estagiária sob a supervisão da editoria