Observe, caro leitor, que todas as bobagens geradas pelo futuro governo são sempre criadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, seus filhos e ministros civis. Sejam elas por declarações idiotas sobre temas de estado, indicados para cargos respondendo a processos, e opiniões amadoras sobre eleições para os comandos da Câmara e do Senado.

Observe, também, que os ministros oriundos das Forças Armadas, o ex-juiz Sérgio Moro, além do vice-presidente general Hamilton Mourão, não produziram até o momento qualquer trapalhada. Pra muita gente, tal comportamento é estratégico diante do estado jurídico-policial construído nos últimos anos.

Como exemplo, há quem enxergue que antes das eleições já se sabia que as investigações sobre os esquemas da Assembleia do Rio tinha detectado, através do Coaf, o envolvimento de assessores do deputado e senador eleito Flávio Bolsonaro, mas houve total sigilo, certamente para não prejudicar o candidato anti-PT.

O que está claro na atual situação é que, na melhor das hipóteses, os funcionários do gabinete devolviam parte dos seus salários para o parlamentar e sua família. Ou, na pior das hipóteses, partes dos recursos vieram de alguma espécie de ‘mensalão’. O fato é que os últimos acontecimentos enfraqueceram os Bolsonaros e fortaleceram os militares e Moro. E até parece que o vazamento da informação do Coaf foi premeditado para ocorrer antes da posse.

O que pode ocorrer a partir de 2019 é um processo rápido de impeachment depois de empossado, dependendo do que mais surgir sobre o suposto esquema, assumindo o vice-presidente Mourão. Contudo, mais simples, seguro e rápido e menos traumático é ter Jair e seus filhos enfraquecidos, ou Jair sem seus filhos que o controlam, mas controlado por patentes superiores.

E isso não parece difícil. O patrimônio do presidente e dos seus filhos cresceu espantosamente. Até 2008 a família declarava à Justiça Eleitoral bens em torno de R$ 1 milhão. Este ano declarou R$ 6,1 milhões. Além disso, de acordo com uma suspeita de subavaliação de patrimônio, os bens dos Bolsonaro já alcançam mais de R$ 15 milhões, algo considerado fenomenal para quem alardeia que vive do próprio salário.

Esse escândalo também agrada ao Congresso Nacional. Já há uma movimentação para que o filho do presidente eleito, que tem participado de articulações contra Renan Calheiros (MDB-AL) no comando do Senado, assuma o mandato, em fevereiro, com menos poder e já ‘bichado’.

Aliados do alagoano fizeram chegar a Flávio Bolsonaro que se continuar atacando Renan “pode chegar e seguir direto para o Conselho de Ética”.

É bom Bolsonaro já ir ficando ciente de que é a bola da vez para um impeachment. Ou já ir ficando pronto para nada comandar e entregar o poder aos militares, ao ex-juiz Moro e seus companheiros da PF e do MPF.