O futebol e o Brasil de Felipão, Felipe Melo e Jair Bolsonaro

05/12/2018 01:00 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O presidente eleito Jair Bolsonaro entregou a taça de campeão brasileiro de futebol ao Palmeiras de Felipão e Felipe Melo. Combina. A dupla do barulho, formada pelo treinador e pelo atleta, é bolsonarista desde criancinha. Foi um desfecho sintomático para o torneio, afinal o país apresenta ao mundo um “estadista” que defende tortura e despreza direitos humanos. Gol de placa!

Mas o assunto aqui é o esporte no Brasil pentacampeão. Foi mais um campeonato com a marca registrada da mediocridade em geral, dentro e fora de campo. Nos gramados, pernas de pau proliferam de norte a sul. É um drama antigo. O jogador que se destaca só um pouquinho já tem destino certo: é vendido para times europeus ou vai ganhar fortunas entre a China e o planeta árabe.

Por aqui vão ficando os especialistas em chutão, carrinho e cotovelada. Além desse grupo, há os veteranos, em fim de carreira, que voltam do exterior quando por lá não servem mais – aliás esse é o caso do delinquente Felipe Melo. O sujeito arrumou confusão em praticamente todos os jogos. Isso só não ocorreu nas partidas em que ele esteve fora, cumprindo punição pelos cartões vermelhos.

Parece uma brincadeira, mas o Fluminense trocou de técnico na penúltima rodada. Basta um dado como esse para entender por que o nível do jogo em nossas arenas está onde está. Dos vinte times da Série A, salvo engano, apenas Cruzeiro, Grêmio e Internacional atravessaram o ano com o mesmo treinador. A regra é uma demissão em cima da outra, ao sabor das pressões por resultados.

Na presidência dos clubes, sem exceção, está o que há de pior no mundo futebolístico. Cartolas usam os cargos para enriquecimento ilícito – próprio e de suas quadrilhas. Digamos que o jeito Eurico Miranda, o vascaíno, continua sendo o paradigma da turma. Esse modo de gestão tem efeitos duradouros. Neymar, por exemplo, até hoje está enrolado nos esquemas dos tempos do Santos.

Voltando ao jogo, nosso Brasileirão espelha o talento rasteiro dos treinadores. Não se vê uma miserável novidade em termos táticos. Prevalece a macaquice do vestiário, com orações e palestras dos professores aloprados. Felipão acha que a chave do sucesso está na gritaria e nos clichês de autoajuda. Seus métodos provaram a eficácia nos 7 a 1 da Alemanha. Nada mudou desde o vexame.

Não custa lembrar que 2018 foi o ano em que perdemos mais uma Copa, eliminados pela perigosíssima Bélgica. Depois de tanta bajulação a Tite nas páginas da imprensa, a derrota foi o que se chama de choque de realidade. Tite reproduziu as caneladas típicas das competições nacionais: esquema acovardado, com retranca e alternativas manjadas para tentar o gol. Deu no que deu.

Em 2019, Alagoas fará parte dessa elite desdentada que é a Primeira Divisão do Brasileiro. A cartolagem do CSA está cheia de promessas para o torcedor. Fala-se em acesso à Libertadores e na construção de um estádio para receber os jogos do Azulão. É coisa de político. Mas vamos torcer para que o time alagoano consiga ficar na Série A. Isso já será uma tremenda façanha, pode acreditar.

O certo é que, a julgar pelo que se viu na temporada que acaba de chegar ao fim, o país que se orgulha de ser o único com cinco Copas tem tudo para seguir ladeira abaixo no esporte mais popular do mundo. Enquanto isso, vamos celebrar o talento de “craques” como Felipe Melo e “gênios” da estratégia como Felipão. Que eles idolatrem Bolsonaro, eis aí um retrato perfeito desses dias.

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