Bolsonaro “fala fino” com os Estados Unidos

01/12/2018 02:36 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

E até agora nada do Ministério da Família, cuja finalidade seria alojar Magno Malta, aquele senador que parece uma mistura de bicheiro com cafetão. Pelo visto, até Jair Bolsonaro sabe que esse puxa-saco não tem serventia, a não ser para relinchar orações nos momentos em que o adorador de tortura – o presidente eleito – conversa com Deus. Dia após dia, lá vem uma piada atrás da outra.

Afora isso, a equipe ministerial vai saindo melhor que a encomenda. É milico pra todo lado. É evidente que esse caminho não se dá por mero acaso; também não ocorre por alguma qualidade especial dos escolhidos. A verdade é que Bolsonaro espera contar com as Forças Armadas para bancar todas as suas eventuais tacadas contra a democracia. É uma estratégia pra lá de perigosa.

De astronauta a colombiano, o melhor da fauna nesse ministério, sem qualquer dúvida, é Ernesto Araújo, futuro ministro das Relações Exteriores. Sim, tem o Sergio Moro, o ex-juiz e cabo eleitoral de Bolsonaro. Mas o imparcial que veio da magistratura já apronta o que dele se espera. Afinal foi pra isso que ele ajudou o capitão na campanha, agindo para interferir na reta final da eleição.

Agora, o quase chanceler Araújo promete! O homem já escreveu tanta baboseira, num blog que manteve até outro dia, que é até difícil escolher os melhores piores momentos. Trata-se, a julgar por suas próprias palavras, de uma mente fértil em ideias imbecis. Ele tem uma fixação em temas como “marxismo cultural”, “globalismo esquerdista” e ameaça aos “valores cristãos” de nossa pátria.

O futuro ministro também demonstra profunda preocupação com a “soberania nacional”. Repete, assim, a ladainha cretina do presidente eleito. Para eles, o Brasil não pode mais se submeter a interesses estrangeiros – como acreditam que estava ocorrendo até hoje. Nada de Cuba, Venezuela, França ou China... Vamos pra cima deles, galera! Nosso país é soberano, ora essa.

Enquanto isso, um dos filhotes de Bolsonaro vai aos Estados Unidos e protagoniza um número circense: aparece usando boné com propaganda de Donald Trump e batendo continência até para o cachorro de estimação da Casa Branca. Como!? E a nossa nação soberana, como é que fica nessa? São perguntas cabíveis, dado o discurso dos novos donos do poder a partir de janeiro de 2019.

Tudo isso me fez lembrar de Chico Buarque. Em 2010 o compositor e escritor afirmou que o governo Lula, segundo ele, “não fala fino com Washington nem fala grosso com Bolívia e Paraguai”. Estamos vendo exatamente isso no virtual governo Bolsonaro. O Brasil bolsonarista é soberano, mas com Estados Unidos é diferente: pelo visto, a palavra de ordem é bajulação máxima a Trump.

A direita carola continua em êxtase. Em Alagoas, então, nem se fale. A rapaziada fanática espera ansiosamente por janeiro, quando começará a caça a todos os comunistas que ameaçam a vida do “cidadão de bem”. Ernesto Araújo, o chanceler de quinta categoria, será um soldado dos mais aguerridos nessa missão oficial. No mais, a mediocridade dessa corja dá uma canseira.

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