Bolsonaro: macaqueando Donald Trump

05/11/2018 15:18 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A mais nova presepada envolvendo o presidente eleito Jair Bolsonaro tem como alvo Fernando Henrique Cardoso, acusado pelo capitão da tortura de ser “comunista”. Esse parece ser o esporte favorito entre bolsonaristas – caçar perigosos adeptos do comunismo em pleno século XXI. Bolsonaro e sua tropa deveriam passar por um rigoroso e profundo tratamento psiquiátrico.

Se bem que a doença do capitão está mais para um método racionalmente planejado. Ele sabe que o sentimento que alimenta grande parte de seus seguidores é a falsa (e estúpida) ideia de que a esquerda trama uma “revolução cultural marxista”. Eu sei que a expressão aí entre aspas é uma tremenda piada, mas aqui mesmo em Alagoas a “nova direita” jura estar pronta para a guerra.

Vale a pena ler o que o ex-presidente FHC escreveu numa rede social sobre a pilantragem intelectual do saudosista da ditadura: A desinformação é péssima conselheira. Na foto do Twitter do presidente eleito eu apareço lendo um livro do ex-premiê da China, deposto e preso, que critica o regime. Isso é ‘prova’ de que sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo!  Frente a um idiota, humor é boa resposta.

Como já escrevi, Bolsonaro segue no palanque eleitoral mesmo após o resultado das urnas. É um mau vencedor, rancoroso, ressentido, destilando o mesmo ódio que marcou não apenas toda sua campanha – é marca registrada da trajetória do eleito. O plano de governo número um dessa tranqueira é a perseguição a todos que discordem de suas ideias perturbadas. É a lei da selva.

Um dos principais problemas na postura do capitão é que ele incentiva os seguidores da seita a agir com essa mesma truculência. Quando a ignorância encontra uma alma afeita à violência, boa coisa jamais teremos. É preocupante que o presidente eleito pregue esse tipo de comportamento.

Não há dúvida que esse estadista do prendo e arrebento levará o país ao vexame internacional. Já dá provas disso antes mesmo de tomar posse. Macaqueando seu ídolo maior, o celerado Donald Trump, Bolsonaro será uma espécie de palhaço com doses de psicopatia. O mundo está cheio deles.

O ataque do presidente eleito a FHC não é exatamente uma surpresa. Afinal, Bolsonaro já defendeu abertamente que o tucano deveria ter sido assassinado pela ditadura. Segundo ele, preservar a vida do sociólogo foi um dos erros dos generais que patrocinaram o terror durante duas décadas.

É assim que vamos avançar rumo ao progresso e ao desenvolvimento. Quem discordar da filosofia do novo governo, que se cuide. Denunciar suas intenções deletérias atrai a sanha de patriotas de todos os costados. Da imprensa profissional espera-se coragem pra enfrentar tempos cavernosos.

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