A politicalha de Sergio Moro, o ex-juiz que quer ser presidente

02/11/2018 13:07 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A imprensa internacional reage com espanto à desenvoltura politiqueira do ex-juiz Sergio Moro. Ele é apresentado em reportagens como um magistrado que trabalhou para interferir na eleição, agindo como inimigo de um grupo político – no caso Lula e o PT –, para finalmente ser recompensado pelo governo que ajudou a eleger. A decisão de Moro escancara a parcialidade de suas sentenças.

Aqui neste espaço, o doutor de Curitiba nunca foi reverenciado, como fazem por aí os caçadores de “comunistas”. Como não existem heróis nem salvadores da pátria, somente os fanáticos da “nova direita” acham que estamos diante de um homem público talhado para resolver todos os problemas do país. Por essa lógica, vale tudo em nome do suposto combate à corrupção. Lorota das boas.

Sem qualquer disfarce, o nomeado ministro da Justiça revela suas reais intenções. Desde quando ele está de olho na carreira política? Ao longo dos últimos quatro anos, Moro afirmou em várias ocasiões que jamais deixaria a magistratura para virar um político. Como se vê, era tudo mentira.

O vice de Bolsonaro, general Mourão, sempre disposto a contar delicados segredos, acabou revelando que Bolsonaro e Moro trataram do futuro governo ainda durante a campanha. Os dois já estavam acertados sobre a participação do juizinho na equipe do capitão da tortura.

Muito bem. A dez dias do primeiro turno, Moro veio a público com a delação de Antonio Palocci, uma decisão descaradamente calculada para tumultuar a candidatura de Fernando Haddad. A pergunta obrigatória é esta: àquela altura, o togado da Lava Jato já recebera a garantia de que seria ministro?

Somente inocentes e seguidores da seita acreditam que Moro e Bolsonaro jamais se falaram na campanha, e que o convite para o ministério surgiu depois do resultado das urnas. Os fatos trituram essa fantasiosa versão contada pelo saudosista da ditadura e seu parceiro. Estava tudo arrumado.

Assim que foi confirmado o acordão entre essa dupla de dois, logo se impôs um dado encantador: Moro é candidato a presidente da República, na sucessão natural ao governo Bolsonaro. A turma aposta num retumbante sucesso do ministro, o que o credencia para o salto definitivo lá na frente.

Falta combinar com os russos, é verdade, mas não se pode negar que a patota do Judiciário, especialmente aquela esquadra da República de Curitiba, vai colhendo os frutos de sua estratégia. O sintomático nessa operação é que, para alcançar suas metas, a rapaziada atropelou tudo que é lei.

Moro finalmente está aí, agora devidamente sob a luz da verdade que tentou camuflar por quatro anos. É político. Fez política usando a blindagem da toga. Negocia como qualquer outro no mundo da politicalha. Com esse padrão de conduta, sim, está apto à Presidência. É igual a seu chefe Bolsonaro.

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