Cabo eleitoral de Bolsonaro, Sergio Moro ganha o Ministério da Justiça

01/11/2018 13:49 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Depois de agir como cabo eleitoral de Jair Bolsonaro, Sergio Moro será o ministro da Justiça do governo que assume em primeiro de janeiro. O doutor aceitou o convite e, na manhã desta quinta-feira, se reuniu com o futuro chefe. Após o encontro com o presidente eleito, Moro divulgou nota explicando suas razões para aceitar o convite. Fala como se fosse o super-herói salvador da pátria.

Em sua nota, o juiz afirma o seguinte sobre a nova função que terá na vida pública brasileira: “Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior”. Como se vê, Moro está certo de que tem uma missão divina a cumprir – e sem ele, claro, o país estaria perdido. É um soldado a serviço de um capitão democrata.

À frente da operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro colecionou uma série de atos abertamente ilegais.  Lá atrás, quebrou o sigilo telefônico da então presidente Dilma Rousseff. Em vários momentos, vazou informações para prejudicar os investigados. A sentença contra Lula é uma peça de ficção, cheia da verborragia do juridiquês, mas sem prova cabal que justifique a condenação. Ficou por isso mesmo.

Agindo como juizinho a serviço de um candidato, Moro cometeu a vergonhosa liberação de parte da delação de Antonio Palocci. Foi na reta final do primeiro turno, a seis dias da votação. Alguém se lembra aí no que consistia o depoimento do ex-ministro? E por que era essencial levantar o sigilo sobre a delação? Ninguém lembra de nada porque o único motivo de Moro era prejudicar o PT.

Após a eleição, Bolsonaro paga o que deve ao cabo eleitoral de luxo. Lá vai o magistrado isento, imparcial e decente para o governo. Vai para a política – onde sempre esteve, sob o disfarce e a proteção da toga. Ao menos esse é um aspecto positivo na escolha de Moro para ministro. Ele para de fingir que é o que não é, e assume de vez o que sempre foi. Até agora, deu tudo certo na jogada.

Que seja Bolsonaro seu chefe, Sergio Moro merece. Afinal, o presidente eleito defende exterminar os vermelhos, fuzilar a petralhada e jogar no exílio todo aquele que discorde de suas ideias. É o abraço de dois democratas admiráveis – um rasga a Constituição quando quer, o outro defende tortura como método de investigação. Devem estar excitados para botar em prática ideias desse tipo.

Agora vamos esperar pela revolução que Moro pretende levar a cabo no ministério de Bolsonaro. Como político profissional, ele tem a vantagem de conhecer por dentro a máquina do Judiciário. Não tenho dúvida que usará informações privilegiadas para impor seus planos. Seja como for, o mais importante mesmo é que agora fica devidamente claro o acordão entre o doutor e a politicagem.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..