Caciques decadentes na política alagoana se agarram às botas do capitão da tortura. Sem votos, sem mandato, tentam beliscar alguma fatia na mesa farta que esperam ver instalada no eventual governo do “liberal-conservador” Jair Bolsonaro. Alguns desses nomes em fim de carreira ainda mamam em cargos públicos – ocupados por eles mesmos ou por seus testas de ferro. Sempre agiram assim.
Naturalmente não existe essa conversa de afinidades ideológicas. Os carreiristas varridos pelas urnas nos últimos tempos buscam apenas uma boquinha a partir de janeiro de 2019, quando o virtual governo dos cidadãos de bem estiver instalado. A velharada perde poder, mas nunca o faro capaz de identificar a benesse na próxima esquina da pilantragem verde & amarela. Muito ético e republicano.
As movimentações que tomam conta do circo já nos informam o quanto teremos de renovação na política. Afinal, como se sabe, os patriotas dizem que vão tomar o poder para banir todas as práticas deletérias da vida pública. Quem duvida? Honradas lideranças, que até um dia desses bajulavam os governos do PT, agora defendem a extinção da “petralhada”. Querem um país livre e decente.
Não sei o que é mais desavergonhado nessa encenação toda – se a demagogia mais rasteira ou a desonestidade intelectual dessa gentalha. Do outro lado do balcão, os prepostos do presidenciável recebem todas as demandas com naturalidade previsível. É o jogo de sempre consagrado nas negociações por cargos e vantagens de toda ordem. Sem dúvida, vem por aí um Brasil muito melhor.
Não cito nomes para não cometer “injustiças”. Explicando melhor: não conseguiria listar todos os que estão na fila, com o bico aberto, à espera do alpiste patriótico. Mas o leitor pode conferir no noticiário as recentes declarações de apoio a Bolsonaro que partiram de vários medalhões do cenário alagoano. Alguns passam até pelo ridículo de gravar vídeos dando pinotes de excitação.
Enquanto isso, Bolsonaro continua na ofensiva à liberdade de imprensa, com declarações estúpidas e que incitam a violência contra jornalistas. A Folha pediu que a Polícia Federal investigue casos de ataques a profissionais do jornal. O candidato elevou o tom após a revelação do caixa 2 via WhatsApp. A reação do milico candidato prova, mais uma vez, seu desejo de sufocar a crítica.
Mas esse e outros pontos do desprezível discurso bolsonarista merecem um texto específico – porque o ódio pela imprensa livre é um dos traços mais explícitos dessa turma. Voltarei ao tema adiante. Por enquanto, registro ainda que vários casos de agressão a pessoas continuam ocorrendo, em diferentes partes do país. Quem não rezar pela cartilha do fanatismo corre imenso perigo.