Os filhotes, é claro, honram o padrão degenerado do pai delinquente. O domingo pegou fogo com um vídeo de Eduardo Bolsonaro no qual ele dá um coice no Supremo Tribunal Federal. O elemento diz, em tom debochado, isto: “O pessoal até brinca lá, cara... Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe; manda um soldado e um cabo para fechar o STF.” E aí?
Diante de tamanha afronta à instância máxima da Justiça, Rosa Weber, ministra do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, saiu-se com uma declaração pior que o silêncio: “As instituições estão funcionando normalmente, e juiz algum no Brasil que honra a sua toga se deixa abalar por qualquer manifestação que pode eventualmente ser compreendida como inadequada”. Não entendi.
Inadequada?! Não, isso foi uma cusparada no Judiciário e uma ameaça escancarada a um dos poderes da República. Quem aí se espanta? Só os inocentes úteis. Bolsonaristas convictos fingem que estamos lidando com um candidato que respeita a democracia. Mas as palavras do trombadinha (deputado federal mais votado do país) provam o que vai nessas cabeças doentes e criminosas.
Vejam que a declaração de Eduardo Bolsonaro começa assim: “O pessoal até brinca lá”. Entre outras questões, ele teria de começar esclarecendo que “pessoal” é esse; e onde fica esse “lá” – seria o comitê da campanha, a casa da família Bolsonaro, a sede de partido político? Junto com a fraude via WhatsApp, revelada pela Folha, o vídeo é o fato mais grave na eleição presidencial até aqui.
Então quer dizer que o “pessoal” – a turma do candidato a presidente – anda discutindo a melhor metodologia para fechar o Supremo. Desde quando os estrategistas da campanha debatem a medida? Quem participa, nome a nome, desses encontros sobre os rumos do Poder Judiciário, incluindo o democrático fechamento do STF? São muitas perguntas, mas Eduardo tem de falar.
Até o momento em que escrevo, nenhuma manifestação do presidente da Corte, o ministro Dias Toffoli. Se a reação do STF ficar restrita às palavras acovardadas de Rosa Weber, Bolsonaro nem precisa mandar um cabo e um soldado pra enquadrar a Justiça; basta o recruta Zero. O sujeito nem ganhou, ainda, a eleição – e seu “pessoal” já se sente dono do país. É só o começo do buraco.
(E o candidato, o pai do Eduardo, também neste domingo, ameaçou abertamente a imprensa, falando a uma multidão de seguidores. É o tema do próximo texto neste espaço de plena liberdade).