Bolsonaro é o preferido do sistema

11/10/2018 22:52 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A propaganda eleitoral no rádio e na TV está de volta a partir desta sexta-feira 12. Em pleno feriado, Jair Bolsonaro e Fernando Haddad terão cinco minutos, cada um, em dois horários, para tentar a confirmação do voto que tiveram no primeiro turno e, se possível, ampliar o apoio nas urnas. Para o petista, o tempo na TV é visto como chance de ouro. É ele que precisa operar uma virada para buscar a vitória – vista como remota até por militantes de longa data no velho petismo. Será impossível?

Bolsonaro não quer jogo. Com a vantagem de 16 pontos percentuais sobre o adversário, atestada pelo Datafolha, quanto menos agitação, melhor para o candidato do PSL. Qualquer acusação de fuga aos debates, ele tem a medicina ao seu lado. A imagem do presidenciável passa ainda por uma repaginada. Ele também tenta emplacar sua versão paz & amor. De repente, o homem nega tudo o que já falou sobre pobres, negros, mulheres, gays... E num eventual governo, o que vai predominar?

Enquanto o candidato tenta vender a imagem de uma pessoa serena, adepta da paz e da tolerância, seus simpatizantes atacam na direção contrária. A essa altura, já passa de uma dezena de casos de violência praticada por bolsonaristas contra eleitores de Haddad. No episódio mais grave, um mestre de capoeira foi morto a facadas em Salvador. Quem inspirou esses “justiceiros” que se espalham pelo Brasil? Temos uma onda, dizem muitos na imprensa. E essa atual bagaceira seria apenas o começo.

Agora vejam que declaração sintomática. Em entrevista coletiva nesta quinta, Bolsonaro mandou um recado para a grande imprensa, e para o Grupo Globo em particular. “Vamos garantir a liberdade de imprensa”, afirmou, como se estivesse nas atribuições de um presidente o controle sobre o trabalho de jornalistas. O capitão ressaltou que não defende qualquer projeto de “regulação da mídia”. Essas palavras têm endereço preciso, como falei. O sistema pode ficar tranquilo com Jair Messias.

Mercado. Militares. Elite. Velha imprensa. É curioso que o candidato que bate na mesa e vai “pegar pesado” contra tudo isso aí obtenha o apoio justamente das forças que mandam no Brasil desde os primórdios. Montado em ideias que assustam o mundo, mas seduzem até eruditos patriotas, o militar de trajetória inexpressiva avançou sobre salões e quartéis, para comandar este país.

Mais uma vez, os nordestinos no alvo de mensagens ofensivas; tudo porque o petista Haddad venceu Bolsonaro somente aqui, na terra de Padre Cícero, Lampião e Luiz Gonzaga. Nada de novo. A estupidez é praticamente um direito universal. O problema é quando essa raiva encontra um valente capaz de atacar a vida do outro por causa de candidato, uma eleição. Discurso sereno, agora, é tarde.

A eleição acaba em 28 de outubro. É rezar para que não aconteça mais nada parecido com os ataques dos últimos dias. Afinal, ainda temos uma campanha em curso, com entrevistas, possíveis debates e atos públicos – gente nas ruas e praças. O voto não é uma pistola pra derrubar o inimigo.

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