Setores do Judiciário e do MPF querem interferir na vontade do eleitor

04/10/2018 17:46 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Certas autoridades do Judiciário e do Ministério Público Federal perderam toda a compostura. Nunca se viu ofensiva de tamanha delinquência eleitoreira, disfarçada de supostos atos normativos. E querem nos convencer de que tudo está dentro da rotina processual comum. A nova piada do MPF saiu nesta quinta-feira, a três dias da votação em primeiro turno das eleições presidenciais.

Trata-se de ação em que se pede uma nova condenação para o ex-presidente Lula, de novo por suposto recebimento de propina. O assunto está aí em todos os grandes portais da imprensa. O leitor pode conferir os detalhes. Se Lula se beneficiou de esquemas de corrupção, que pegue uns 200 anos de cadeia. (Para muitos “cidadãos de bem”, ele deveria ser enforcado em praça pública).

O ponto não é este. Magistrados e procuradores devem agir com decência. Não podem enfiar suas gravatas e a verborragia jurídica no meio do processo eleitoral; não podem usar as instituições para tentar, vergonhosamente, interferir nas intenções de voto do brasileiro. É o que está ocorrendo precisamente agora. Quem deu a largada foi o juizinho Sergio Moro, direto lá de Curitiba.

Dois dias atrás, o magistrado que virou herói de cinema, o queridinho dos fanáticos da direita esclarecida e muito honesta, veio com a requentada delação do ex-ministro Antonio Palocci. Uma cretinice escancarada. A papelada estava nas gavetas de Moro desde abril, mas ele decidiu agir nesta semana, a tempo de lançar uma “bomba” na candidatura do petista Fernando Haddad.

Na Folha, ao comentar a jogada suja de Moro, o jornalista Elio Gaspari escreveu o seguinte: “Se era bala de prata, o teor da colaboração do ex-ministro da Fazenda tornou-se um atentado à neutralidade do Poder Judiciário”. No mesmo artigo, ele acrescenta que Moro adiou depoimentos de Lula porque o ex-presidente transforma, nas palavras do juiz, “interrogatórios em eventos partidários”.

É sensacional! O doutor em auxílio-moradia e outras mamatas é bem rigoroso para evitar que Lula faça campanha durante depoimentos. Mas Sergio Moro não está nem aí com limites às suas próprias armações de olho nas urnas. O Conselho Nacional de Justiça pediu explicações ao juizinho quanto a esse inusitado entendimento sobre calendário eleitoral e ações judiciais. Ele tem 15 dias pra falar.

Nos arquivos deste blog, escrevi inúmeras vezes que não se combate a corrupção, como de resto nenhum outro tipo de crime, atropelando a lei. Mais grave é quando esse atropelo está casadinho com safadezas de caráter eleitoral. As carnavalescas operações policiais não podem se transformar em instrumento de guerra na política partidária. Desgraçadamente, é o que vemos todos os dias.

Se alguém acredita que os lances ensaiados de Moro e do MPF são inocentemente casuais, e que seguem o estrito andamento processual, então eu acredito em Papai Noel, na Mula Sem Cabeça, no Saci Pererê e na vasta erudição dos pensadores da Direita Carola Brasileira. É piada pra todo lado!

(Reitero a ameaça: volto mais tarde para comentar pesquisas e, na madrugada, escrever sobre o debate dos presidenciáveis na Globo. Tomara que seja animado. Até logo mais).

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