Na avalanche de pesquisas sobre a corrida presidencial, saiu mais uma do Ibope na noite desta quarta-feira. O levantamento anterior do instituto foi divulgado 48 horas antes. É uma verdadeira indústria. Jair Bolsonaro ganhou um ponto e tem agora 32%. O petista Fernando Haddad avançou dois pontos e tem 23% das intenções de voto. Ou seja, uma variação dentro da margem de erro.
Se não mudou praticamente nada a situação dos líderes, o mesmo vale para o pelotão que vem em seguida. Ciro recuou de 11% para 10%; Alckmin tinha 8% e aparece agora com 7%; Marina Silva repete o índice de 4% da pesquisa anterior. O pedetista e o tucano estão tecnicamente empatados. Dramático para ambos. A tática adotada pela dupla na campanha, cada um na sua, fracassou.
Apesar da empolgação nas hostes de Bolsonaro com os últimos dados do Ibope e Datafolha, a alternativa de vitória do capitão já no primeiro turno está muito mais no campo da miragem. Olhando apenas os votos válidos, para resolver a eleição no próximo domingo, ele teria de crescer mais de 10 pontos. Somente assim atingiria aquele patamar mágico de 50% + 1. Impossível, eu diria.
O tópico mais preocupante para Bolsonaro parece ser o índice de rejeição, embora já tenha sido maior – era de 46% e hoje está em 42%. Haddad não tem muito a comemorar nesse item, mas, ainda assim, é menos rejeitado que o capitão, com 37%. É um problema e tanto para os dois na briga por atrair mais eleitores, a três dias da votação. Com esse cenário, o presidente sai no segundo turno.
Neste último Ibope, eleitores que dizem votar em branco ou nulo somam 11%. Já outros 6% não souberam ou não quiseram opinar. Juntos, batem na casa dos 17%, um percentual que poderia levar a eleição para outro rumo. Ocorre que, mesmo que parte desse eleitorado retorne ao caminho do voto válido, ele se espalha por mais de um candidato. É o que impõe a lógica elementar nesses casos.
No ritmo frenético da publicação de pesquisas, reitero, certamente teremos novos números durante a quinta-feira. E a novidade do dia será o debate na Globo. (Escrevi sobre esse tipo de evento no texto anterior). Bolsonaro não vai. De todo modo, é um fiapo de esperança aos demais candidatos, na tentativa de produzir algo capaz de sacudir a intenção de voto. Também impossível.
A campanha eleitoral no rádio e na TV acaba nesta quinta, e é por isso que a Globo marca o debate para esta data, no limite do prazo legal para os candidatos pedirem voto por esses meios de comunicação. Caminhadas e contato direto com o eleitor continuam permitidos ainda na sexta e no sábado, véspera da votação. A maratona segue até os 47 do segundo tempo. Faz sentido isso?
Por um comportamento padrão, visto ao longo das últimas décadas, sim. A cabeça do eleitor não é brincadeira – e há um contingente de cidadãos que decide o voto na última semana, até mesmo quase em cima da hora. Em disputas mais acirradas, isso conta em alguma medida. Aguardemos.