Em debate na TV Gazeta, Renan Filho é alvo de ataques! Mediador censura fala de candidatos sobre eleição nacional

03/10/2018 03:28 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Quatro candidatos ao governo de Alagoas participaram do debate promovido pela TV Gazeta na noite desta terça-feira. Como era previsível, candidato à reeleição, o governador Renan Filho (MDB) foi bombardeado durante todo o encontro por seus adversários. Pinto de Luna (Pros), Josan Leite (PSL) e Basile Christopoulos (Psol) criticaram o governo em todas as suas áreas. Nada funciona.

O governador discorda desse diagnóstico, naturalmente, e reagiu, com eficiência, em todas as situações. (Avalio o desempenho dos candidatos, sem entrar no mérito quanto a erros ou acertos na gestão estadual). Fato concreto é que Renan Filho deu respostas bem ao seu estilo – com segurança, tranquilidade e sempre citando números e exemplos sobre obras e realizações.

Como disse, os três adversários bateram sem parar no governo; o mais enfático nos ataques, porém, foi Pinto de Luna, ex-superintendente da Polícia Federal no estado. Por isso, o delegado aposentado recebeu respostas mais pesadas de Renanzinho. O governador disse que Luna não morava em Alagoas havia dois anos, e voltou para ser candidato em cima da hora, substituindo Fernando Collor.

O senador Collor, como sabe o leitor, desistiu da candidatura alegando falta de “reciprocidade” dos partidos de sua coligação. Luna rebateu o govenador dizendo que esteve fora do estado durante dois meses, devido a uma cirurgia a que foi submetido em São Paulo. Mas se atrapalhou nessa questão, afirmando que reside em Alagoas e está sempre na praia, velejando em nosso litoral.

Depois de ser ironizado pelo governador sobre o veleiro e as praias, Luna disse que isso era uma forma de cuidar da saúde. O candidato do Pros insistiu em questões ligadas à segurança pública, a área na qual, em tese, é um especialista. Mais de uma vez criticou também o sistema penitenciário. Segundo ele, há servidores trabalhando nos presídios “ao arrepio da lei” e no improviso.

Basile Christopoulos e Josan Leite engrossaram as críticas citando ainda precariedades em saúde, educação e saneamento básico. De novo, o governador contestou, listando investimentos e melhorias nos setores. Numa pergunta de Luna para Basile, entre réplica e tréplica, os dois se uniram numa denúncia de suposto desvio de recursos do Fecoep, o fundo estadual de combate à pobreza.

O governador também foi “acusado” de pertencer a uma família que está no poder em Alagoas “há quarenta anos”. Ele rebateu dizendo que, em suas palavras, os Calheiros estiveram “na oposição” a sucessivos governos. Aproveitou para exaltar a atuação de seu pai no Senado em defesa dos interesses do estado. Também aqui não entro no mérito da causa; descrevo os argumentos sacados.

Agora um ponto meio estranho no evento. Por duas vezes, o jornalista Roberto Kovalick, mediador do debate, interrompeu a fala de candidatos quando eles faziam referência à eleição nacional e citavam presidenciáveis. A justificativa era de que estariam saindo dos assuntos estaduais. As alegações do mediador não têm sustentação. Em debates por todo o país, a disputa nacional foi pauta, sim.

Tenho certeza que o mediador assim agiu por recomendação da Globo. Recomendação que não valeu para Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro Bahia e outros estados. Digo isso porque, nesses debates, a briga pelo Planalto ocupou boa parte das discussões entre os candidatos a governador. E faz todo sentido, ora! Afinal, as alianças nacionais estão no centro das questões da política brasileira.

É que a Globo controla com mão de ferro as afiliadas menores, cuja autonomia editorial frente à rede é igual a zero. Sei disso porque estive nesse ambiente durante uma década. As brigas foram muitas – e bater de frente com a cúpula do jornalismo da emissora dos Marinho dá uma encrenca infernal. A regra implacável, infelizmente, é a submissão completa às ordens que vêm de fora.

O mediador cerceou a liberdade de expressão dos candidatos e impediu o eleitor de saber o que eles tinham a dizer sobre o tema. Nesse ponto, faço justiça a Josan Leite, que enquadrou Kovalick, ao ser repreendido quando falava do candidato de seu partido a presidente, Jair Bolsonaro. Josan explicou, de modo preciso, que fazia um “link” pertinente com a eleição nacional. E tinha razão.

No mais, a eleição em Alagoas está decidida, segundo as pesquisas. No último Ibope, Renan Filho apareceu com 65% das intenções de voto. Vence no primeiro turno – a não ser que aconteça algo de outro mundo. O debate não mudou essa realidade amplamente favorável ao governador. É por aí.

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