Não é o que indicam as pesquisas, mas, depois da divulgação dos números do Ibope na noite desta segunda-feira, a tropa do capitão vê mais forte no horizonte a possibilidade de levar no primeiro turno. Jair Bolsonaro cresceu 4 pontos em relação ao Ibope anterior e bateu em 31% das intenções de voto. O petista Fernando Haddad não se mexeu e ficou com os mesmos 21% registrados antes.

São dez pontos de diferença, a cinco dias da votação. Mas não é esse o principal aspecto da nova pesquisa Ibope. Até porque, pelos índices dos demais candidatos, vamos para um segundo turno, provavelmente com Bolsonaro e Haddad na grande final. O que chama atenção é o crescimento do capitão em praticamente todos os segmentos do eleitorado e em todas as regiões do país.

Por isso, seu grupo acredita que essa onda pode continuar até o domingo, fazendo com que ele amplie a vantagem e, aí sim, possa resolver a parada em 7 de outubro. Bolsonaro cresceu entre mulheres e negros, diz o Ibope. Subiu também nas periferias e no Nordeste, única região em que ele ainda perde para Haddad. Por outro lado, repito, seu adversário manteve-se onde estava.

Na imprensa, a repercussão da nova pesquisa é amplamente favorável ao candidato do PSL. É o que se vê em notícias que ressaltam a boa reação do tal mercado diante dos números. A Bolsa de Valores cresce, o dólar cai, os bancos festejam. É uma tremenda ironia: o homem que se vende como o candidato antissistema é, na verdade, o queridinho dos mais endinheirados e do capital especulativo.

Completa a frente de boas novas para Bolsonaro a indecente iniciativa do juizinho Sergio Moro, que decide trazer a público o conteúdo de delação de Antonio Palocci, na reta final da campanha eleitoral. A tropa da Lava Jato, no Judiciário e no Ministério Público Federal, atua como forte cabo eleitoral bolsonarista. É guerra política escancarada contra o PT, sob a maquiagem de ação judicial.

O conjunto de informações dos últimos dias, portanto, é todo azul para Bolsonaro. É ver o que dirão as próximas pesquisas que estão chegando a partir desta quarta-feira. Os dados vão revelar se a boa maré do capitão, atestada pelo Ibope, está mesmo nesse nível ou não. Neste momento, nem as notícias negativas ao candidato parecem surtir efeito contra ele – um enigma sem explicação.

Mas tudo isso, é claro, está no campo das suposições e hipóteses. Não se pode apostar em nada de modo definitivo, ainda mais numa eleição com tamanho ineditismo. E, entre outras coisas, ainda tem o debate na Globo, na quinta-feira. Por enquanto, apesar das surpresas e novidades, o mais provável mesmo, como apontam as pesquisas, é termos Bolsonaro e Haddad no segundo turno.