Que Poder Judiciário é este?

01/10/2018 17:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Nenhuma surpresa. O juiz Sergio Moro age, mais uma vez, para interferir no jogo político e influenciar os rumos da campanha eleitoral. A seis dias da votação no primeiro turno, ele decide quebrar o sigilo sobre parte da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. Com isso, requenta informações como se houvesse alguma nova bomba contra os governos do PT, sobretudo contra o ex-presidente Lula. A atitude do herói da Lava Jato não causa surpresa, eu disse, porque este é seu padrão.

Palocci já apareceu em longos depoimentos a Moro despejando um caminhão de “denúncias” contra Lula. O que vem a público agora é do mesmo nível das acusações anteriores. Provas? Ora, os rapazes do Judiciário e do Ministério Público Federal, como se sabe, não ligam para essas firulas jurídicas. Para salvar o Brasil do mar de lama, eles têm algo muito mais relevante: “convicção”. Esta foi a linda tese apresentada naquele grotesco espetáculo do Power Point, lembram? Tudo na mesma lógica.

A nova jogada de Sergio Moro vem no mesmo dia em que a imprensa divulga uma declaração escandalosa do ministro Dias Toffoli, que acaba de assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal.  Num seminário que comemora os 30 anos da Constituição, disse este gênio do Direito Universal: “Hoje, não me refiro nem mais a golpe nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964”.

Leio as palavras de Sua Excelência em reportagem da Folha. Assim, fica difícil. Primeiro: se ele algum dia considerou que houve uma “revolução” em 64, já é uma piada. Quem assim ainda pensa é apenas um cretino que adora torturadores – como Jair Bolsonaro e assemelhados. “Movimento” ao invés de golpe? É uma tentativa reescrever a História a partir da corrupção da linguagem. Um clássico.

Em texto anterior escrevi sobre o juiz aloprado que pretendia recolher as urnas eletrônicas nas vésperas da votação. O sujeito gravou até vídeo ao lado de um dos filhotes do capitão Bolsonaro. A intenção despudoradamente política foi abortada pelo Conselho Nacional de Justiça, que também afastou o magistrado de suas funções, em Goiás. Mas deve voltar logo, para novas estripulias.

Agora, algumas palavras sobre a marmota de Luiz Fux, outra figurinha sem conserto entre os 11 no STF. Do alto de sua arrogância, indevidamente, ele cassou decisão do colega Ricardo Lewandowski, que havia autorizado entrevista de Lula à Folha e a uma TV de Minas Gerais. Isso foi na sexta-feira; hoje, Lewandowski reafirmou sua posição e anulou a presepada do peruca Fux. Guerra de togas.

Vejam que estamos falando de juízes federais e da instância máxima do Judiciário, a suprema corte, o topo da jurisprudência no país, digamos assim. Resumo da esculhambação: quem deveria zelar pela Constituição, ao contrário, emporcalha o conjunto de regras sagradas que todos deveriam seguir. O país, sabemos que é o Brasil. Mas que Judiciário é este?! Perguntaria o velho roqueiro.

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