Eleitor de Bolsonaro, juiz tramava apreender urnas antes da eleição

30/09/2018 01:57 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O trabalho de um juiz é aplicar a lei. Para isso, deve se basear no ordenamento jurídico do país, tendo na Constituição o parâmetro incontornável e definitivo. Nos últimos anos, porém, parece que boa parte da magistratura nacional caiu na gandaia e decidiu sapatear sobre os princípios elementares do Direito. É por isso que, todo dia, você descobre que algum serelepe togado aprontou mais uma presepada contra o cidadão e as instituições. O celerado da vez é Eduardo Luiz Rocha Cubas.

Este senhor preparava na surdina um verdadeiro atentado à democracia brasileira – e quem assim entendeu foi o próprio Conselho Nacional de Justiça, que o afastou sumariamente do posto de titular do Juizado Especial Federal Cível de Formosa, em Goiás. Rocha Cubas planejava conceder uma liminar determinando o recolhimento de urnas eletrônicas em 5 de outubro, a dois dias da eleição.

Para cometer tamanha arbitrariedade, ele se basearia “numa ação civil pública que questiona a credibilidade das urnas”, como revelou reportagem no Estadão. Por sua causa irresponsável, para dizer o mínimo, ele procurou pessoalmente o Comando do Exército, que, na cabeça insana desse juiz, deveria cumprir sua ordem. Parece uma piada de outro mundo, eu sei, mas veja onde chegamos!

De onde o juiz tirou essa ideia de golpear o processo eleitoral, algo que poderia levar o país ao caos na véspera da votação? Aqui a encrenca ganha contornos vergonhosos, porque na empreitada ilegal há um componente que explica a trama contra o voto livre do eleitor. A operação tresloucada do magistrado é uma tabelinha com a mente perturbada de Bolsonaro, o candidato do doutor.

Para constatar o trabalho de cabo eleitoral do juiz não há dificuldade nenhuma. Ele próprio expõe, de cara limpa, sua degenerada parcialidade política num vídeo em que aparece ao lado de Eduardo Bolsonaro, um dos filhotes do capitão que adora insultar mulheres e todos de quem discorde.  

No vídeo estrelado pela dupla (está no YouTube), temos uma mostra do que há de pior na vida pública brasileira. É inacreditável: um magistrado e um deputado – que devem respeito absoluto às regras previstas em lei – fazem exatamente o contrário, com naturalidade escandalosa.

Resumindo, para ficar bem claro: um juiz federal marcou data e hora para conceder uma liminar sobre uma causa cuja decisão já está tomada por ele em favor dos autores da ação. Olha, isso deve ser inédito na história universal do Direito. O doutorzinho deveria ser expulso da magistratura.

Como se vê, não é apenas o candidato Bolsonaro que desrespeita o sistema de votação e a própria Justiça Eleitoral. O juiz Rocha Cubas não exerce suas prerrogativas como servidor público. Ele não passa de um soldado a serviço de uma candidatura, infiltrado no coração do Poder Judiciário.

Terminando. Você já ouviu falar no desvairado protagonismo de setores da Justiça na política, não é? Este caso é o exemplo que chega ao paroxismo, ao grau máximo do absurdo. Bolsonaro só aceita o resultado da eleição se for o vencedor. Seu cabo eleitoral, um magistrado, defende o mesmo golpe.

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