O voto e a facada em Jair Bolsonaro: candidato quer inventar “crime político”

25/09/2018 20:12 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Não existe qualquer indício que sustente a tese de crime político no episódio em que Jair Bolsonaro foi esfaqueado durante ato de campanha em Minas Gerais. Mas é claro que o candidato faz de tudo para vender a versão de que foi vítima de um atentado sob a encomenda de adversários. Emplacar essa lorota é tudo o que ele mais deseja na reta final da disputa neste primeiro turno. Para isso, se agarra basicamente em três informações sobre o autor da facada, Adélio Bispo de Oliveira.   

O problema, para Bolsonaro e sua manada de fanáticos, é que os fatos desmentem de maneira cabal a ideia de crime planejado por motivação eleitoral. Mas ele tinha 12 mil reais em conta bancária, mesmo sendo um desempregado, diz a tropa do capitão reformado. Só pode ter sido pagamento pelo serviço. Explicação singela e definitiva: é dinheiro fruto de pagamento de ação trabalhista. Cai a primeira “prova” da trama. Mas o conjunto de elementos que apontam um caso diabólico não fica aí.

A segunda informação que indicaria um homem bancado por terceiros é que Adélio tinha quatro telefones celulares. Que bomba! Ocorre que dois desses aparelhos não funcionam há muito tempo, estão mais para sucata; e nos outros dois, nenhum contato, nenhuma ligação, nada que revelasse troca de mensagens com alguém supostamente ligado ao crime. E cai a segunda “prova” do complô.

Mas não tentem enganar os patriotas, porque os sinais de uma emboscada muito bem urdida não param por aí. Como um desempregado, com cara e jeitão de esmolambado, tem cartão de crédito internacional? Isso é coisa pra gente de muita grana, não é? A verdade: o cartão foi enviado pelo banco sem solicitação, como ocorre todo dia com milhares de pessoas – e nunca foi utilizado.

E aí desaba a terceira “prova” escandalosa de que houve tentativa de assassinato por razões políticas. Ah, sim, a Polícia Federal também apreendeu um perigosíssimo notebook que pertence ao agressor. Sabe o que descobriram lá dentro? Está quebrado, sem uso há mais de um ano. Pode isso, amigo?

Jair Bolsonaro foi vítima de um perturbado – que aliás afirma ter agido em nome de Deus. Acho até que deveria receber assistência da direita carola, aquela que junta numa só procissão a reverência a Jesus e o sonho de sacar o fuzil contra pecadores. No mais, o candidato inventa o que nunca houve.

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