Ibope mostra avanço de Haddad e reafirma força de Lula e do PT
No ritmo frenético da publicação de pesquisas sobre a eleição presidencial, o Ibope divulgou mais uma na noite desta segunda-feira. E os números confirmam o que os levantamentos anteriores já mostravam: o petista Fernando Haddad entrou na briga para ganhar. Esta seria uma constatação óbvia, não fosse o fato de o PT e Lula estarem sob um massacre no noticiário há pelo menos cinco anos. O velho antipetismo, especulo, avançou de patamar a partir daquele junho de 2013.
Nas manifestações daquele período, houve inicialmente uma tentativa de diferentes lados da política de se beneficiar da tal indignação das ruas. Medalhões da imprensa e analistas de ocasião quebravam a cabeça para decifrar o mistério: afinal, qual seria o alvo de tanto protesto? Sem uma resposta precisa diante das multidões enfurecidas, surgiu a tese que todos abraçaram com vigor: o povo protesta contra tudo, por não se sentir representado por ninguém. Não era bem isso.
Rapidamente, como se viu, os alvos principais (talvez os únicos) passaram a ser o então governo Dilma e, claro, o ex-presidente Lula. Foi o que a imprensa começou a divulgar, dia sim, dia também. Não foi do nada que, nessa onda, Dilma acabou destituída, num processo de impeachment cujo crime medonho foram “pedaladas fiscais”. No roteiro de caça ao PT, o passo seguinte veio com a Lava Jato e a prisão de Lula, condenado num processo que tem de tudo – menos uma prova.
Era o fim da linha para o famigerado lulismo, esse terrível mal que tanto desespera os cidadãos de bem, a turma de patriotas dispostos a tudo para nos salvar da ameaça comunista. Com o miserável do Lula na cadeia e a pedaleira da Dilma expulsa do mandato, finalmente uma nova direita poderia nos salvar, com um nome de alto nível, em todos os sentidos, para governar o país. Bolsonaro neles!
Mas faltou combinar com os russos, digo, com a população. Voltemos então a falar do Ibope. O capitão reformado, que defende torturador e ofende negros e mulheres, entre outras barbaridades, estancou em 28% das intenções de voto. Enquanto isso, Haddad segue em crescimento e chegou a 22% das preferências. A “nova direita” tenta entender o que deu errado nesse roteiro.
A doze dias da hora do voto, a nova pesquisa reforça a tendência de segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Mas agora, ao contrário do que parecia até um dia desses, o petista pode passar à etapa final com mais votos que seu adversário. É uma virada e tanto, afinal bolsonaristas contavam que seu ídolo tinha tudo pra vencer a eleição já no primeiro turno. Hoje, isso não faz nenhum sentido.
Para Ciro Gomes e Geraldo Alckmin, os novos números do Ibope são terríveis. O pedetista aparece com 11%, enquanto o tucano tem 8% das intenções do eleitorado. Aos dois, a esta altura, uma vaga no segundo turno é quase uma miragem. Claro que não se pode cravar nada, mesmo porque a única certeza sobre a cabeça do eleitor é seu radar imprevisível. Teremos emoção até o fim.
Fato é que a campanha mudou completamente desde o registro da candidatura do PT. Mesmo com Dilma expulsa do Planalto, mesmo com Lula na cadeia, a direita (muito culta, honesta e eficiente) vê, aterrorizada, os comunistas batendo à porta, prontos para comer as criancinhas, estatizar o oxigênio e pintar de vermelho a nossa bandeira. É bom já ir se acostumando? Não sei, mas parece que sim.
Comentários
Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.
Carregando..