Na reta final, o vale-tudo na eleição

22/09/2018 03:48 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A campanha do tucano Geraldo Alckmin trouxe a Venezuela para a eleição brasileira. No programa da TV, o candidato a presidente diz que, nas mãos do PT, o Brasil pode se tornar um país como o do incontrolável Nicolás Maduro. No quartel do PSDB, bateu a ordem para pegar pesado no discurso de ataque a Lula e ao petismo. A tentativa é atrair, em forma de votos, apoio de quem não aguenta ouvir falar em Fernando Haddad eleito ao Planalto. Em debate e entrevista, Alckmin segue por aí.

Muita gente acredita que boa parte dos votos em Jair Bolsonaro representa os raivosos contra o PT.  Ao vestir a farda antipetista, ele garantiu esse patamar que ostenta hoje nas pesquisas. O tucanato, apesar da bagunça interna, alimenta a esperança de operar uma guinada nesse entendimento. Acha que o eleitor que odeia o PT ainda pode mudar de posição e abraçar a candidatura de Alckmin. É uma corrida também contra o tempo, a pouco mais de praticamente duas semana de irmos às urnas.

Alckmin também mira Bolsonaro, acusando-o de incentivar o clima de intolerância que se espalhou pelo país. Não se resolve nada na bala ou na faca, eis a frase que resume a ofensiva sobre o tipo de candidato que é Bolsonaro. Nada disso, até agora, afetou o desempenho nas pesquisas do militar reformado. Nem o atentado que sofreu alterou pra valer o rumo da campanha. Sua liderança é firme.

Se bater no PT, e especialmente no governo Dilma, é o caminho de gente como Bolsonaro, Álvaro Dias, Marina Silva e até Ciro Gomes, há um malabarismo, desse mesmo pessoal, para preservar um tanto o nome de Lula. A razão é bem simples. Preso desde abril, após uma sentença mequetrefe, o ex-presidente é um manancial de votos capaz de decidir uma eleição – e isso é algo incontestável.

De ontem para hoje, a imprensa noticia uma crise, ainda que incipiente, no núcleo duro da campanha de Bolsonaro, ou seja, entre ele e seu Posto Ipiranga, o economista Paulo Guedes. Pelo que entendi do que se noticia, o guru do ultraliberalismo andou falando demais – defendendo ideias perigosas – sobre criação de impostos. É tudo o que atormenta os apóstolos do sobrenatural "mercado”.            

Marina Silva, como nas eleições de 2010 e principalmente na disputa de 2014, parece experimentar o mesmo martírio de vislumbrar o horizonte do segundo turno, para, rapidamente, desabar na simpatia do eleitorado. O problema, entre outras especulações, é que a candidata não consegue fidelizar sua filosofia em nomes aliados a causas perenes – mesmo surfando as mitológicaa águas da pororoca.

Eleição é um fenômeno sem escrúpulos. Dito isto, desculpem pelo originalíssimo diagnóstico, mas tem certas coisas, por mais duradouras que sejam, que resistem sob blindagem indevassável. Ficamos assim: Alckmin atira em petista e Bolsonaro; Ciro dispara sobre o PT e seu candidato ungido pelo grande líder – mas insiste na preservação de Lula. Nada de errado com isso, prova a história.

Veja que mirabolante. Chegamos em 2018, com a mais inusitada desde as eleições de 1989. É a primeira disputa antes da polarização que passaria a dominar todas as disputas entre 1994 até 2014, com PT e PSDB arrastando o voto que elegia o presidente. A sequência foi interrompida no tapetão com o processo de impeachment contra Dilma. De 2013 a 2018, mergulhamos numa aventura sem rumo. A consequência virá agora, com lances que ainda podem surpreender.

Para além das jogatinas pelo arrastão de votos, ainda temos de aturar a ladainha dos profetas do caos. Chega a dar urticária as profecias que decretam que estamos à beira da morte da democracia. Não passa um dia na imprensa sem que leia mais um artigo em desespero, quase em prantos, anunciando aos incautos que você, um perfeito Zé Mané, adere ao obscurantismo.

Não bastassem os conchavos, típicos nos submundos partidários, ainda temos uma patota do Ministério Público emporcalhando a campanha com denúncias casuísticas e rasteiras. É mais ou menos nessa encruzilhada do capeta que tentam nos meter em 7 de outubro. Resistamos!

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