O senador Fernando Collor desistiu da candidatura a governador alegando ter sido abandonado pelo grupo que o convidou para a “missão”. É o que se entende pelo vídeo que ele publicou anunciando que não é mais candidato. “Todos sabem do meu destemor, cumpro minha palavra, mas peço reciprocidade”, diz o parlamentar. Mas o que houve realmente para provocar decisão tão radical?
Na versão do agora ex-candidato, faltou então a tal “reciprocidade”, ou seja, não houve o engajamento de seu grupo para tocar a campanha eleitoral. O principal problema, por esta lógica, teria sido o PSDB, que desde o começo não parecia devidamente confortável na aliança com Collor. A impressão desde sempre era de que, do jeito que a coisa pintou, não havia perigo de dar certo.
Aliás, um sinal de que isso poderia ocorrer – ou seja, a falta de coesão na aliança – apareceu desde o lançamento da candidatura. O deputado estadual Rodrigo Cunha, candidato ao Senado pelo grupo, disse publicamente que não subiria no palanque com Collor e nem pediria votos para ele.
O ex-governador Teotonio Vilela Filho, maior liderança tucana em Alagoas, também se mostrou contrariado com a escolha de seu partido – e, como Cunha, também declarou não correr atrás de voto para o candidato de sua coligação. Com aliados assim, de fato, é melhor dormir com o inimigo.
Agora, vamos falar claro sobre as chances de Collor na disputa. Com ou sem coesão da aliança que o escolheu, sua missão era praticamente impossível. Renan Filho, assim como em 2014, é o franco favorito na corrida pela reeleição. A partir de agora, está virtualmente eleito para o segundo mandato.
Collor ostenta uma taxa de rejeição que torna uma disputa majoritária algo terrível para ele. E, pelo que se viu nesta campanha, nada indica que conseguiria se livrar de problema tão grave. Este é o mesmo fator que o fez perder as eleições para o governo estadual em 2002 e em 2010.
Trocando em miúdos, como diria aquele velho poeta da MPB, Collor caiu fora dessa disputa porque entendeu que era uma causa perdida. Sem alternativa, desistiu para não ser derrotado nas urnas.