As duas pesquisas divulgadas nos últimos dias, uma do Datafolha e outra do Ibope, não trouxeram alterações quanto à liderança de Bolsonaro. Depois do atentado que sofreu, ele cresceu dois pontos na intenção de votos. Continua também o nome mais rejeitado, aquele em que o eleitor diz não votar de jeito nenhum. A expectativa de uma forte comoção como consequência da facada não aconteceu.
Os dados, no entanto, trazem mudanças significativas no grupo que está embolado atrás de Bolsonaro. Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad estão tecnicamente empatados, dentro da margem de erro dos levantamentos. E dos quatro, quem mais subiu foi Ciro. Foi o melhor resultado para ele desde que as pesquisas começaram a ser publicadas.
Os últimos Datafolha e Ibope saíram antes da decisão tomada nesta terça-feira pelo PT – finalmente Haddad foi oficializado como o candidato ao Planalto. Somente as próximas pesquisas vão dizer se a campanha do petismo consegue transferir os votos de Lula para o presidenciável abençoado pelo ex-presidente. É certo que isso ocorrerá em alguma medida – até onde, ninguém sabe.
Ainda sobre as duas pesquisas de agora, chama atenção a discrepância entre os institutos quanto às simulações de segundo turno. No Datafolha, Bolsonaro perde de quase todo mundo; já no Ibope ele está em empate técnico com eventuais adversários. Esse é um item relevante, a ser festejado pelo candidato. Seria um sinal de que pode superar o teto de votos, a cota dos fiéis.
Mais uma vez, como sempre ocorre nas eleições, vai caindo o número dos que declaram não ter candidato ou votar nulo. É uma questão de calendário e prioridade. Na reta final da campanha, sobretudo na última semana antes da votação, o engajamento do eleitorado será ainda maior. É científico. O labafero sobre desencanto e fuga das urnas é um diagnóstico ligeiro e nada original.
Dono do maior tempo na propaganda obrigatória no rádio e na TV, o tucano Alckmin ainda briga em situação dramática para ir além do primeiro turno. Pela lógica, não cabe, no espectro ideológico do eleitorado, uma final com dois candidatos da mesma faixa, esquerda ou direita. Por esse raciocínio, com Bolsonaro garantido, Ciro e Haddad têm mais chances de passar ao segundo turno.
Mistério mesmo é na eleição ao Legislativo. Não existem pesquisas profissionais, registradas no TSE, sobre a corrida alucinada por cadeiras em Assembleias e na Câmara dos Deputados. Não em Alagoas. Tudo o que sai por aí vem por encomenda – serve para propaganda de candidato, ainda que disfarçada de “informações de bastidores”. Mas este é outro assunto. (Voltando ao ritmo diário).