É a primeira pesquisa após o começo da propaganda eleitoral na TV e depois da decisão do TSE que barrou a candidatura de Lula à Presidência. Sem surpresas, Jair Bolsonaro lidera no Ibope, com 22%, seguido por Marina Silva e Ciro Gomes, com 12%, e Geraldo Alckmin, com 9% das intenções de voto. Os números revelam a briga pra lá de acirrada por uma vaga no segundo turno. Tudo indefinido.

A liderança de Bolsonaro já aparece faz tempo nas pesquisas. A diferença é que, até agora, os levantamentos também ouviam os eleitores sobre Lula candidato. Os números do Ibope representam uma má notícia para o PT. Fernando Haddad, o candidato a vice que vai assumir a cabeça de chapa, tem apenas 6% da preferência do eleitorado. O desafio para ele é operar a transferência de voto.

Ciro, Marina e Alckmin – esta é a corrida entre candidatos a encarar Bolsonaro no segundo turno. Mas seria imprudente descartar Haddad; primeiro porque o pelotão atrás de Bolsonaro está tão embolado, que tudo pode acontecer. O menos provável, é o que parece pelas pesquisas, é uma queda do capitão da reserva, a ponto de ser ultrapassado por dois de seus adversários.

Mesmo com esse favoritismo, o primeiro colocado não disparou como muita gente previa. O carnaval que embala seu nome – e seu estilo – nas redes sociais fala a um bocado de eleitores, é certo, mas há o famoso teto. Ele pode ter batido nesse limite estatístico que resume seus seguidores. O discurso radical-intolerante-desinformado vira piada entre os seus, mas pode ser fatal na eleição.

A informação definitiva sobre esse teto de votos para Bolsonaro também está na pesquisa Ibope. Nas simulações de segundo turno, ele perde para Ciro, Marina e Alckmin. Com Haddad, fica um ponto à frente, o que significa empate técnico. É necessário quase um milagre para mudar esse cenário projetado pelos números. Para completar o desastre, o homem é o mais rejeitado pelo eleitor.

Bolsonaro se encaixa num tipo de postulante comum nas eleições: é aquele para quem a campanha parece fazer mal à candidatura. Quanto mais fala, quanto mais é confrontado com temas relevantes ao país, mais arranja problema para o próprio time. Nesses casos, é até melhor que o tempo de propaganda na televisão seja curto. Seu desejo impossível seria acabar com a campanha.

Por isso, Marina, Ciro e Alckmin nem se preocupam com o virtual adversário no segundo turno. Claro que batem em suas ideias medievais – e isso já pode influenciar a rodada decisiva entre dois finalistas da eleição. Mas os nomes que vão se matar pelo segundo lugar, neste primeiro turno, querem mais é enfrentar Bolsonaro. Ele é o candidato mais fácil a ser batido na hora H.

Mas a campanha se estende ainda por um mês. Muito tempo ou quase nada? Depende. Há pontos de vista de todo jeito sobre essa questão. Pelo ineditismo de uma época da vida política brasileira, as previsões são armadilhas cada vez mais perigosas. Vamos esperar as novas pesquisas e a sequência dos programas de TV das candidaturas. A única certeza é que a agitação deve aumentar.