Além dos dois encontros já realizados, até o dia da eleição haverá mais seis debates entre os candidatos a presidente. Pelo menos é o que está devidamente agendado em diferentes emissoras de TV e outros veículos de comunicação. Debate é sempre algo controverso a cada eleição, a começar pelo candidato que lidera as pesquisas: quem está na frente nunca gosta de debater nada.
Todo mundo concorda com isto: se você lidera a corrida, não tem o que ganhar em confrontos com os adversários – mas tem tudo a perder. Nos debates, todos vão preparados para atacar aquele que tem a maior intenção de votos; afinal, se ele continuar isolado na dianteira, o jogo estará decidido. Mas a ausência pode ser vista como sinal de covardia, uma marca difícil de remover.
Esse dilema ronda todos os candidatos que lideram as pesquisas, tanto para presidente quanto para os governos estaduais. Em disputas anteriores pela Presidência, Fernando Collor, Fernando Henrique e Lula decidiram não participar dos debates no primeiro turno. Nessas ocasiões, o mediador mostra a cadeira vazia do candidato ausente. É lógico que não fica uma imagem muito boa para o faltoso.
Imagine um encontro de duas horas, no qual o nome ausente é tratado pelos rivais, com insistência, como “fujão”. Pega muito mal – e pode, sim, acarretar sérios prejuízos. Quando o candidato em questão gosta de se vender como exemplo de “valentia”, sua fuga será ainda mais grave. É o caso de Jair Bolsonaro. Após anunciar que não iria mais a debates, voltou atrás e diz que estará presente.
Com o triunfo das redes sociais, a reação aos debates e seus efeitos na influência do voto mudaram uma enormidade. Na pré-história das comunicações (que foi ontem), quem perdia o debate ao vivo, na TV, não tinha mais como conferir o desempenho dos candidatos. Hoje, desculpem pelo óbvio, pode-se ver e rever o evento, no todo ou em parte, a qualquer hora do dia ou madrugada.
O jornalista Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes, revelou algo bem ilustrativo dos novos tempos. Antes da explosão da internet, nas reuniões com os partidos sobre o formato dos debates, os candidatos brigavam por um ponto que consideravam sagrado: não admitiam a exibição de trechos do programa nos telejornais – por medo dos critérios de edição do material. Um perigo.
Agora, completa o jornalista, isso nem entrou em pauta, porque deixou de fazer sentido. Uma vez no ar, tudo está na internet, sujeito a edições infinitas, pelas mãos de qualquer pessoa. Ou seja, um “fujão” verá esse carimbo ser replicado como jamais seria possível até um dia desses. Por tudo isso, o bate-boca entre os candidatos mudou bastante, mas, ao que parece, continua relevante na disputa.
Dos seis debates que ainda vão ocorrer no primeiro turno, o próximo será no dia 9 de setembro, organizado pela TV Gazeta de São Paulo em parceria com o Estadão. E o último, na TV Globo, está marcado para 4 de outubro, em cima do dia do voto. Até lá, a campanha ainda promete muito.